O CREPÚSCULO DO DÓLAR

quinta-feira, 24 de julho de 2008


A Merrill Lynch acaba de divulgar que investidores estrangeiros controlam 1/3 do déficit americano. Alguns desses estrangeiros - fundos controlados por chineses, russos, sauditas e outros países de petrodólares ou exportadores líquidos de "commodities" em alta - poderão utilizar a crise financeira americana como arma geopolítica. Eles poderão passar a ter um direito de veto sobre a política americana, diz o The Telegraph, de Londres. Será o fim do império americano?

A crise financeira americana poderá custar à economia de Tio Sam, algo como 8 trilhões de dólares o equivalente a 60% do PIB americano estimado para este ano e mais de 50% do PIB da União Européia. Já não se trata de uma “gripe financeira”, mas de uma doença bem grave.

Esse desastre financeiro foi divulgado pelo analista Peter Cohan, de Boston, que no seu blog faz as contas de uma crise, nascida a cerca de um ano, mas que ainda vai a menos de metade do seu caminho. As perdas de valor do imobiliário nos EUA deverão atingir 6 trilhões de dólares a que se somarão 1,6 trilhões derivados dos "write downs" (queda nos ativos) nas instituições financeiras projetados até o fim da crise.

O número de 1 trilhão foi, divulgado pela Bridgewater Associates, correspondendo a 3,5 vezes o montante já apurado e declarado em "write downs" pelas instituições envolvidas. O que significa que os analistas esperam que a crise do sistema financeiro ainda se agrave muito mais - o FDIC já teria uma lista de 90 instituições financeiras sob observação, mas Peter Cohan arrisca o prognóstico de falência de 150 bancos nos Estados Unidos nos próximos 18 meses. Bancos como o californiano Indy Mac, que sofreu intervenção recentemente,estariam sob a mira do FDIC

Contudo o risco não se origina apenas no "subprime" ou nas instituições ligadas ao mercado hipotecário, como sucedeu recentemente com a Fannie Mae e Freddie Mac, instituições "patrocinadas", desde a sua fundação, pelo governo americano.

Próximos passos- Peter Cohan refere que esta peça trágica da falência da "bolha" financeira americana tem, ainda, alguns passos a avançar. O próximo será, sem dúvida, a brutal retração no crédito ao consumidor e ao empresariado em decorrência da falta de capacidade das instituições financeiras Segundo o professor Nouriel Rubini, da Universidade de Nova Iorque, há uma regra que sempre se aplica quando há "write downs" - por cada dólar "debitado" ao ativo, há que diminuir 10 dólares no crédito..

Mas a agonia do sistema não se encerrará por aqui. O desfecho poderá ser o que Cohan chama "a hora dos estrangeiros" - a sua perda de confiança total no sistema financeiro e na credibilidade da Reserva Federal e do Tesouro norte-americanos.

A Merrill Lynch acaba de divulgar que investidores estrangeiros controlam 1/3 do déficit americano. Alguns desses estrangeiros - fundos controlados por chineses, russos, sauditas e outros países de petrodólares ou exportadores líquidos de "commodities" em alta - poderão utilizar a crise financeira americana como arma geopolítica. Eles poderão passar a ter um direito de veto sobre a política americana, diz o The Telegraph, de Londres. Será o fim do império americano?

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