PROFESSOR QUEM?

domingo, 4 de maio de 2008



Acabo de receber do meu amigo e conterrâneo de Euclides da Cunha, Theo Dantas, a cópia de uma deliciosa carta de José de Alencar a Machado de Assis, exaltando a qualidade da poesia de Castro Alves. Busca o meu amigo, com esse texto, levantar um protesto conta as declarações do Prof. Dr. Natalino Manta Dantas (que, felizmente ,não é parente dele).

Pensando bem ,meu caro leitor, quem de vocês sabia, uma semana atrás, quem era esse senhor? Aos 69 anos, dono de uma carreira pontilhada por contradições, já à beira de uma compulsória, o esperto cidadão conseguiu o que queria. Como disse Andy Warhol “No futuro todo mundo terá 15 minutos de fama”. Natalino está aproveitando muito bem os dele. Hoje mesmo, ganhou, nas páginas do Jornal A Tarde , uma belíssima crônica assinada por nada mais nada menos que João Ubaldo Ribeiro

Tema de todas as conversas dentro e fora da Bahia, Natalino fecha a sua passagem pela vida profissional comentado por personalidades de todas as matizes. É uma unanimidade! E não esqueçam que, segundo Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. Qual a importância das declarações proferidas por um ser tão desimportante?

Hitler que tinha propostas parecidas com as dele, publicou o Mein Kampf aos 35 anos e , deu no que deu. Mas ele estava só no comecinho de sua carreira, teve tempo de influenciar muita gente a cometer as atrocidades que foram cometidas. Mussolini, da mesma estirpe, tentou ,aos 11 anos ,assassinar um coleguinha de escola. Teve tempo de contribuir para o que contribuiu...

Mas o nosso Natalino, esse skinhead da terceira idade, não tem tempo para mais nada, a não ser para mexer com o facilmente aflorável bairrismo baiano. As palavras dele não vão desmerecer os méritos de Ruy Barbosa, não vão ofuscar a poesia de Castro Alves, os versos soturnos de Gregório de Matos ou a musicalidade de Gilberto Gil, Moraes Moreira, Caetano Veloso... Nem o virtuosismo de João Gilberto, a literatura de Jorge Amado e de centenas de outros baianos que têm lugar garantido na história da humanidade.

Você se lembra de Abraham Lincoln? E o nome do assassino dele? De Anuar Sadat? E o nome do assassino dele? De Martin Luther King? E o nome do assassino?Do atentado ao Presidente Reagan?Ao Papa João Paulo II? E o nome dos executores? Pois bem. Daqui a alguns dias, ninguém mais vai lembrar-se do.... Como é mesmo o nome dele?

Até o berimbau, quem diria, foi vítima do destempero desse ex-baiano que talvez não saiba, sequer, que esse modesto instrumento, além do valor histórico e religioso, tem encantado platéias pelo mundo afora, executado pelas mãos de Naná Vasconcelos (foto), um dos maiores percursionistas da atualidade e que por sinal, não é baiano; é pernambucano

Mas da armadilha que o Professor maluquete armou para se auto-promover, só mesmo uma coisa se salvou: a Bahia que é mãe de gente tão criativa, tão musical, inteligente e produziu pérolas que embalaram e embalam o romance e a alegria pelos quatro cantos do mundo, sabe-se lá de que forma, tornou-se hoje, palco da pior música do universo servindo apenas para desmerecer o nosso passado recente e encher o bolso de meia dúzia de espertos.

Axé,meu povo!

1 comentários:

Anônimo disse...

Eu lamento por todas as palavras "mal" ditas por esse senhor, e lamento mais ainda por ele pertencer a uma classe que deveria estar lisonjeada com pessoas que têm uma visão igualitária e humana com relação a todos que buscam um mundo melhor, infelizmente ele é chamado de professor. Me indigno com essa qualificação a ele.
Professor: nós temos o dom da fala, da escrita, da expressão humana e igualitária a todas as pessoas, não vamos deixar que se perca no universo nosso caráter e respeito por nosso ofício, tão digno e merecedor através de palavras que se jogam pelos bueros como se fosse vômito de uma situação que não quero participar.Infelizmente não é essa educação que devemos levar para uma sala de aula, muito menos expor pessoas ao ridículo do escárnio, mas sim valorizar o ser humano antes de apenas qualificá-lo por essa ou outra região, cor raça, credo. Somos pessoas, cidadãos brasileiros pertencentes a uma linda Constituição. Ignoremos e mostremos que um professor não se faz julgando-se onipotente, mas sim humildemente através de gestos e palavras.
Prof. Christiane Aparecida da Silva
Jacareí-SP