A GRANDE MENTIRA!

domingo, 12 de outubro de 2008



Afinal, o tamanho importa ou não? Sim, elas admitem Nenhuma mulher quer um rastilho curto, mas excesso de dinamite pode estragar qualquer prazer qualquer prazer O tamanho tem importância? A acreditar na propaganda «Enlarge your penis» (aumente o seu penis) que inunda os «e-mails» dos machos (e fêmeas) deste mundo parece que a coisa importa sim.


Será talvez culpa da pornografia, com o culto aos falos infatigáveis, ou de uma sexualidade contemporânea demasiado centrada na ereção? Será talvez uma questão de puro narcisismo, Ou então a expressão das inseguranças dos homens de hoje, pressionados pela emancipação sexual da mulher, que reivindica cada vez mais o seu direito ao prazer, ou será uma preocupação realmente mais masculina que feminina? Será o «pequenino mas trabalhador» que preenche o imaginário erótico feminino? Com a palavra as mulheres. «Elas podem dizer que o tamanho não importa e que a habilidade é mais importante, mas os homens não se devem confiar por completo. A grande maioria prefere-os grandes», assegura a administradora de um site de sexo. Diz gostar deles «nem demasiado grandes, nem demasiado pequenos», embora os «16 a 18 centímetros» que define como tamanho ideal estejam acima da média da população. «Já tive uma experiência com um bem dotado que não consegui acabar. Foi mais doloroso que prazeroso. Mas também já tive experiências com tamanhos abaixo da média e foi preciso inovar para chegar la», arremata.

Vera, de 32 anos, conhece a decepção de descobrir um “nanico” num homem que parecia “gigante”, mas assegura que, depois de inteirar-se com ele,terminou ficando fã. Ela sublinha que um médio bom, é sempre melhor do que um grande sem graça , mas quem define mesmo o que é bom ou não, é a experiência e a intimidade dos parceiros

Dois anos mais jovem que Vera, a gerente de banco,Neide Gonçalves revela a «sorte» de ter encontrado sempre «tamanhos considerados normais». «Gosto de enxergá-lo logo e não ter que andar em busca dele », gargalha. «O tamanho importa no entusiasmo inicial, no ato e no uso que se dá no depois ...»

Laura, 38 anos, discorda. «Saber dar prazer, e menos ainda a paixão, não dependem de medidas», afirma, admitindo entretanto que, para elas, o diâmetro é mais importante. «O importante para as mulheres é sentirem-se preenchidas. Um membro muito grande magoa, não dá prazer, ainda mais se o dono não for experiente. E não deve ser fácil irrigar toda aquela zona e manter a ereção.»

«Já tive que fazer cirurgias de redução de tamanho porque o pênis era tão descomunal, que não havia pressão sanguínea suficiente para preenchê-lo», revela um médico especialista no assunto. São as exceções à regra. A maioria dos pacientes que procuram o apoio de um especialista para corrigir o tamanho do seu pênis, na verdade querem aumentá-lo. Muitos têm pênis normais ou mesmo grandes, o que pode esconder um transtorno conhecido como dismorfofobia, ou síndrome da distorção da imagem, que consiste numa preocupação exagerada com algum defeito na aparência, geralmente inexistente. «É um problema irreal. O homem está convencido de que o seu pênis é pequeno. Estes casos devem ser encaminhados para apoio psiquiátrico», explica.A culpa, sublinha, é sobretudo da indústria pornográfica, «que tem induzido uma imagem completamente irrealista do tamanho do pênis». Depois há a inevitável comparação com os outros homens, um fenômeno popularmente conhecido como «síndrome do balneário», onde o tamanho do pênis «simboliza a vitória na comparação das masculinidades».

O terapeuta revela ser «muito comum» os seus pacientes, sobretudo os mais jovens, questionarem-se sobre o tamanho do seu sexo, uma angústia «quase nunca justificada». Afinal, a imensa maioria dos homens está dento da média e, apesar de tudo, o tamanho é sempre relativo.

Assim como o comprimento e o diâmetro não são o mesmo em todos os homens, também o diâmetro e a profundidade vaginal variam de mulher para mulher. Resume-se tudo, no fundo, a uma questão de encaixe.Físicco, mas principalmente, emocional






PARA COMPREENDER A CRISE

segunda-feira, 6 de outubro de 2008


Mercados internacionais de crédito entraram em colapso e há risco real de uma corrida devastadora aos bancos. Por que o pacote de 700 bilhões de dólares, nos EUA, chegou tarde e é inadequado. Quais as causas da crise, e sua relação com o capitalismo financeirizado e as desigualdades. Há alternativas?

Segunda-feira, 6 de outubro. No momento em que esta nota é redigida, há uma onda de pânico percorrendo o sistema financeiro em todo o mundo. A crise iniciada há pouco mais de um ano, no setor de empréstimos hipotecários dos Estados Unidos, viveu dois repiques, nos últimos dias. Entre 15 e 16 de setembro, a falência de grandes instituições financeiras norte-americanas [1] deixou claro que a devastação não iria ficar restrita ao setor imobiliário. No início de outubro, começou a disseminar-se a sensação de que o pacote de 700 bilhões de dólares montado pela Casa Branca para tentar o resgate produziria efeitos muito limitados. Concebido segundo a lógica dos próprios mercados (o secretário do Tesouro, Henry Paulson, é um ex-executivo-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs), o conjunto de medidas socorre com dinheiro público as instituições financeiras mais afetadas, mas não assegura que os recursos irriguem a economia, muito menos protege as famílias endividadas. Deu-se então um colapso nos mercados bancários, que perdura até o momento. Apavoradas com a onda de falências, as instituições financeiras bloquearam a concessão de empréstimos – inclusive entre si mesmas. Este movimento, por sua vez, multiplicou a sensação de insegurança, corroendo o próprio sentido da palavra crédito, base de todo o sistema. A crise alastrou-se dos Estados Unidos para a Europa. Em dois dias, cinco importantes bancos do Velho Continente naufragaram [2]. Muito rapidamente, o terremoto financeiro começou a atingir também a chamada “economia real”. Por falta de financiamento, as vendas de veículos caíram 27% (comparadas com o ano anterior) em setembro, recuando para o nível mais baixo nos últimos 15 anos. Em 3 de outubro, a General Motors brasileira colocou em férias compulsórias os trabalhadores de duas de suas fábricas (que produzem para exportação), num sinal dos enormes riscos de contágio internacional. Diante do risco de recessão profunda, até os preços do petróleo cederam, caindo neste 6/10 a 90 dólares por barril – uma baixa de 10% em apenas uma semana. A tempestade afeta também o setor público. Ao longo da semana, os governantes de diversos condados norte-americanos mostraram-se intranqüilos diante da falta de caixa. O governador da poderosa Califórnia, Arnold Schwazenegger, anunciou em 2 de outubro que não poderia fazer frente ao pagamento de policiais e bombeiros se não obtivesse, do governo federal, um empréstimo imediato de ao menos 7 bilhões de dólares.


Desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas podem sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”
Nos últimos dias, alastrou-se o pavor de algo nunca visto, desde 1929: desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas poderiam sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”, segundo a descreveu o economista Nouriel Roubini, que se tornou conhecido por prever há meses, com notável precisão, todos os desdobramentos da crise atual. Os primeiros sinais deste enorme desastre já estão visíveis. Em 2 de outubro, o Banco Central (BC) da Irlanda sentiu-se forçado a tranqüilizar o público, anunciando aumento no seguro estatal sobre 100% dos depósitos confiados a seis bancos. Na noite de domingo, foi a vez de o governo alemão tomar atitude semelhante. Mas as medidas foram tomadas de modo descoordenado, porque terminou sem resultados concretos, no fim-de-semana, uma reunião dos “quatro grandes” europeus [3], convocada pelo presidente francês, para buscar ações comuns contra a crise. Teme-se, por isso, que as iniciativas da Irlanda e Alemanha provoquem pressão contra os bancos dos demais países europeus, onde não há a mesma garantia. Além disso, suspeita-se que as autoridades estejam passando um cheque sem fundos. Na Irlanda, o valor total do seguro oferecido pelo BC equivale a mais do dobro do PIB do país... Também neste caso, os riscos de contágio internacional são enormes. Roubini chama atenção, em especial, para as linhas de crédito no valor de quase 1 trilhão de dólares entre os bancos norte-americanos e instituições de outros países. É por meio deste canal, hoje bloqueado, que o risco de quebradeira bancária se espalha pelo mundo. Mesmo em países menos próximos do epicentro da crise, como o Brasil, as conseqüências já são sentidas. Na semana passada, o Banco Central viu-se obrigado a estimular os grandes bancos, por meio de duas resoluções sucessivas, a comprar as carteiras de crédito dos médios e pequenos – que já enfrentam dificuldades para captar recursos. Em conseqüência de tantas tensões, as bolsas de valores da Ásia e Europa estão vivendo, hoje (6/10), mais um dia de quedas abruptas. Na primeira sessão após a aprovação do pacote de resgate norte-americano, Tóquio perdeu 4,2% e Hong Kong, 3,4%. Quedas entre 7% e 9% ocorreram também em Londres, Paris e Frankfurt. Em Moscou, a bolsa despencou 19%. Em todos estes casos, as quedas foram puxadas pelo desabamento das ações de bancos importantes. Em São Paulo, onde o pregão ainda está em andamento, os negócios foram interrompidos duas vezes, quando quedas drásticas acionaram as regras que mandam suspender os negócios em caso de instabilidade extrema. Apesar da intervenção do Banco Central, o dólar acumulava alta de mais de 5% às 13h, subindo a R$ 2,13.
Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados
A esta altura, todas as análises sérias coincidem em que não é possível prever nem a duração, nem a profundidade, nem as conseqüências da crise. Nos próximos meses, vai se abrir um período de fortes turbulências: econômicas, sociais e políticas. As montanhas de dinheiro despejadas pelos bancos centrais sepultaram, em poucas semanas, um dogma cultuado pelos teóricos neoliberais durante três décadas. Como argumentar, agora, que os mercados são capazes de se auto-regular, e que toda intervenção estatal sobre eles é contra-producente? Mas, há uma imensa distância entre a queda do dogma e a construção de políticas de sentido inverso. Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados. O pacote de 700 bilhões de dólares costurado pela Casa Branca é o exemplo mais acabado deste viés. Nouriel Roubini considerou-o não apenas “injusto”, mas também “ineficaz e ineficiente”. Injusto porque socializa prejuízos, oferecendo dinheiro às instituições financeiras (ao permitir que o Estado assuma seus “títulos podres”) sem assumir, em troca, parte de seu capital. Ineficaz porque, ao não oferecer ajuda às famílias endividadas — e ameaçadas de perder seus imóveis —, deixa intocada a causa do problema (o empobrecimento e perda de capacidade aquisitiva da população), atuando apenas sobre seus efeitos superficiais. Ineficiente porque nada assegura (como estão demonstrando os fatos dos últimos dias) que os bancos, recapitalizados em meio à crise, disponham-se a reabrir as torneiras de crédito que poderiam irrigar a economia. Num artigo para o Financial Times (reproduzido pela Folha de São Paulo), até mesmo o mega-investidor George Soros defendeu ponto-de-vista muito semelhantes, e chegou a desenhar as bases de um plano alternativo. Outras análises vão além. Num texto publicado há alguns meses no Le Monde Diplomatique, o economista francês François Chesnais chama atenção para algo mais profundo por trás da financeirização e do culto à auto-suficiência dos mercados. Ele mostra que as décadas neoliberais foram marcadas por um enorme aumento na acumulação capitalista e nas desigualdades internacionais. Fenômenos como a automação, a deslocalização das empresas (para países e regiões onde os salários e direitos sociais são mais deprimidos) e a emergência da China e Índia como grandes centros produtivos rebaixaram o poder relativo de compra dos salários. O movimento aprofundou-se quando o mundo empresarial passou a ser regido pela chamada “ditadura dos acionistas”, que leva os administradores a perseguir taxas de lucros cada vez mais altas. O resultado é um enorme abismo entre a a capacidade de produção da economia e o poder de compra das sociedades. Na base da crise financeira estaria, portanto, uma crise de superprodução semelhante às que foram estudadas por Marx, no século retrasado. Ao liquidar os mecanismos de regulação dos mercados e redistribuição de renda introduzidos após a crise de 1929, o capitalismo neoliberal teria reinvocado o fantasma.
Wallerstein vê nos sistemas públicos de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se todos tivermos direito a uma vida digna, quem se preocupará em acumular dinheiro?
Marx via nas crises financeiras os momentos dramáticos em que o proletariado reuniria forças para conquistar o poder e iniciar a construção do socialismo. Tal perspectiva parece distante, 125 anos após sua morte. A China, que se converteu na grande fábrica do mundo, é governada por um partido comunista. Mas, longe de ameaçarem o capitalismo, tanto os dirigentes quanto o proletariado chinês empenham-se em conquistar um lugar ao sol, na luta por poder e riqueza que a lógica do sistema estimula permanentemente. Ao invés de disputar poder e riqueza com os capitalistas, não será possível desafiar sua lógica? O sociólogo Immanuel Wallerstein, uma espécie de profeta do declínio norte-americano, defendeu esta hipótese corajosamente no Fórum Social Mundial de 2003 - quando George Bush preparava-se para invadir o Iraque e muitos acreditavam na perenidade do poder imperial dos EUA. Em outro artigo, publicado recentemente no Le Monde Diplomatique Brasil, Wallerstein sugere que a crise tornará o futuro imediato turbulento e perigoso. Mas destaca que certas conquistas sociais das últimas décadas criaram uma perspectiva de democracia ampliada, algo que pode servir de inspiração para caminhar politicamente em meio às tempestades. Refere-se à noção segundo a qual os direitos sociais são um valor mais importante que os lucros e a acumulação privada de riquezas. Vê nos sistemas públicos (e, em muitos países, igualitários) de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se a lógica da garantia universal a uma vida digna puder ser ampliada incessantemente; se todos tivermos direito, por exemplo, a viajar pelo mundo, a sermos produtores culturais independentes e a terapias (anti-)psicanalíticas, quem se preocupará em acumular dinheiro? O neoliberalismo foi possível porque, no pós-II Guerra, certos pensadores atreveram-se a desafiar os paradigmas reinantes e a pensar uma contra-utopia. Num tempo em que o capitalismo, sob ameaça, estava disposto a fazer grandes concessões, intelectuais como o austríaco Friederich Hayek articularam, na chamada Sociedade Mont Pelerin, a reafirmação dos valores do sistema. Seus objetivos parecem hoje desprezíveis, mas sua coragem foi admirável. Eles demonstraram que há espaço, em todas as épocas, para enfrentar as certezas em vigor e pensar futuros alternativos. Não será o momento de construir um novo pós-capitalismo?

[1] Em 12/9, o banco de investimentos Lehman Brothers quebrou, depois que as autoridades monetárias recusaram-se a resgatá-lo. No mesmo dia, o Merrill Lynch anunciou sua venda para o Bank of America. Em 15/9, a mega-seguradora AIG (a maior do mundo, até há alguns meses) anunciou que estava insolvente, sendo nacionalizada no dia seguinte com aporte estatal de US$ 85 bilhões


[2] O Fortis foi semi-nacionalizado pelos governos da Holanda, Bélgica e Luxemburgo. O Dexia recebeu uma injeção de 6,4 bilhões de euros, patrocinada pelos governos da França e Bélgica. O Reino Unido nacionalizou o Bradford & Bingley (especialista em hipotecas), vendendo parte de seus ativos para o espanhol Santander. O Hypo Real Estate segundo maior banco hipotecário alemão entrou numa operação de resgate cujo custo podia chegar a 50 bilhões de euros, mas cujo sucesso ainda não estava assegurado, em 5/9. A Islândia nacionalizou o Glitnir, seu terceiro maior banco


[3] Alemanha, França, Reino Unido e Itália, os membros europeus do G-8

By Le Monde Diplomatique.
Antonio Martins


NO SALÃO DE PARIS

A cada dois anos a capital francesa recebe aquela que é considerada a maior exposição dedicada ao automóvel em todo Mundo.

O Automóvel Clube de França organiza desde 1898 o ‘Mondiale de L'automobile’, O Salão de Paris, que abriu as portas para receber milhares de jornalistas vindos de todo Planeta para os dois dias dedicados à Imprensa. O ambiente é de verdadeiro frenesi com os fabricantes de automóveis procurando atrair o maior número possível de profissionais para os seus stands.







A crise na economia mundial em decorrência da quebra dos bancos americanos, sequer parece passar perto do evento ou reduzir o seu glamour e vitalidade No Hall nº 1, a marca mais visitada tem como anfitrião o brasileiro Carlos Ghosn, Presidente da Aliança Renault/Nissan. Ele foi um dos primeiros a falar e disse em alto e bom tom que os produtos Renault abafaram a concorrência e que aposta forte no novo Mégane cujo desenho mudou por completo, privilegiando agora um estilo mais clássico, inspirado no Laguna.

FRAGMENTOS

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Jonas Abreu viveu e morreu para o cinema, para a família e para os amigos, não necessariamente nessa ordem. Foi no cinema dele, que assisti a um clássico do cinema mundial,Hiroshima Mon Amour, do cineasta Francês Alain Resnais. Era na casa dele que todos íamos, às tardes de domingo, ouvir, na moderníssima radiola Zilomag, o som de Miguel Aceves Mejia, Bienvenido Granda e os sucessos do momento com a turma da Jovem Guarda

Mordi aquele pãozinho dourado, crocante, e viajei de mala e cuia para Euclides da Cunha. Fui parar em um ensolarado fim de tarde sentado ao batente de “O Crediário”, para quem não sabe a primeira loja de eletro-domésticos da cidade. E olha que, naquele tempo, sequer existia essa expressão. “O Crediário” vendia de tudo. Fogão, Geladeira, rádio Zilomag, porta de aço, bateria Heliar e até tratuá que nada mais era do que o piso externo de origem francesa, corruptela de “trottoir”, palavra que, hoje define uma atividade não tão nobre.

Do outro lado da “imensa avenida”, era assim que eu a enxergava até ali pelos meus 10 anos, estava a padaria de João Costa, o produtor daquela delícia que, até hoje, frequenta a minha memória gustativa. João Costa, além de padeiro, era também, delegado de polícia. Um homem alegre, inteligente e de uma impressionante velocidade de raciocínio. Naquela época, era assim! Os mais importantes cidadãos eram os comerciantes. Era também padeiro, o RaimundoThomaz, ainda vivo e saudável, aos quase 90 anos e à frente dos seus negócios que dizem ser grandes.

O dono de “O Crediário” era meu pai, Jaime Amorim, que todos os dias, ao final da tarde, ordenava ao Dedé de Tutu ou ao Chico da Judite “Chico, vai ali ao João Costa e traz seis amanteigados”. Eles eram ajudantes do meu pai. O amanteigado era o pão quentinho feito pelo João Costa e untado com uma generosa quantidade de manteiga “Radiante” que era aplicada ao pão com uma espátula de madeira. O Dedé, hoje, deve ser um homem com cerca de 60 anos e vive em São Paulo. O Chico foi brutalmente assassinado em um dos becos da cidade, com menos de 20 anos de idade. Era um sujeito espirituoso -e um piadista nato. Sua morte causou imensa consternação.

O sol escaldante desaparecia no fim da tarde e, a noite começava no Café Society ou Bar de Zezito como preferiam outros. O Café Society ficava na esquina da “Grande Avenida”, a Oliveira Brito, com a Praça Duque de Caxias, então apelidada de “Praça do Pau de Oliveira Brito”. Quem conhece a história da cidade sabe o porquê do apelido. Quem não conhece não pergunte porque não vou explicar, mas posso garantir que não tem nada de imoral.

Foi o Zezito do Belo, ou Zezito do Bar ou Zezito do Alto-falante quem deu esse apelido à praça. Ele foi um homem à frente do seu tempo. Fundou o primeiro cinema da cidade, o primeiro serviço de alto-falantes, foi proprietário de um dos primeiros automóveis e, ainda por cima, em pleno sertão baiano, onde há pouco tempo Lampião passara semeando brutalidade e terror, inaugura um bar cujo nome é Café Society, expressão em voga no jet set mundial.

E, no Café Society, enquanto mastigava caramelos de café com leite, assistia a meu pai ingerir sua dosinha de Jurubeba para forrar o estômago antes da Brahma gelada. Olhava para o outro lado da Avenida e enxergava o espetacular Hotel Lua, para mim, um dos lugares mais importantes da cidade, pois, lá, eu sentia a conexão com o mundo, através dos seus ilustres hóspedes: os viajantes. Lá, também morava Zeca Dantas que, vez por outra, atravessava a avenida e vinha até o Café Society beber cerveja, abrir o sorriso largo e a gargalhada estridente brindando com o não menos ilustre, o sobrinho Nelson Bastos. Zeca Dantas se foi aos quase 100 anos. Também longevo, Nelson, aos 93, ainda passeia espigado pelas manhãs euclidenses.

Mas não era só o Hotel Lua que fazia a minha conexão com o mundo. Zezito, também! Com seu automóvel, seu serviço de alto-falantes e seu “Night Club”. Isso mesmo, além do Café Society, ele era dono de um legítimo Night Club em Euclides da Cunha nos anos 60,carinhosamente chamado de “Naiti”. Para completar, fundou o cinema que, em seguida, venderia para Jonas Abreu.

Jonas Abreu viveu e morreu para o cinema, para a família e para os amigos, não necessariamente nessa ordem. Foi no cinema dele, que assisti a um clássico do cinema mundial, ,Hiroshima Mon Amour, do cineasta Francês Alain Resnais. Era na casa dele que todos íamos, às tardes de domingo, ouvir, na moderníssima radiola Zilomag, o som de Miguel Aceves Mejia, Bienvenido Granda e os sucessos do momento com a turma da Jovem Guarda

No ano passado, meu amigo Herder Mendonça convidou-me para, na sua casa de espetáculos, Rock In Rio-Salvador, assistir a um show de Wanderléa, a musa da Jovem Guarda. Aos 60 anos, exuberante e superprofissional, ela adentrou ao palco para se apresentar a uma platéia de uma centena de pessoas. Por um erro estratégico qualquer, a menor em toda a história da casa. Mesmo assim, cantou como se estivesse se apresentando num estádio lotado. No meio do show , deslocou-se do palco, veio até aonde eu estava, tomou-me as mãos e cantamos juntos “Uma vez você falou, que era meu o teu amor...” (trecho da canção Ternura, de Roberto e Erasmo Carlos). Digo cantamos, mas não foi bem isso. Ela cantava e eu chorava lágrimas dedicadas àquelas tardes de domingo que Jonas nos proporcionava.

Celso Mathias

O CAMÕES É DE JÕAO UBALDO

domingo, 27 de julho de 2008

O escritor baiano João Ubaldo Ribeiro foi distinguido no sabádo26 com o Prêmio Camões 2008, a mais importante honraria atribuída a autores de língua portuguesa.

É o oitavo brasileiro a ser distinguido com este prêmio. Na edição anterior, ele foi concedido ao psiquiatra português António Lobo Antunes.

João Ubaldo Ribeiro nasceu na ilha de Itaparica, em 23 de Janeiro de 1941 e entre os seus livros estão "Setembro não faz sentido", "Sargento Getúlio", que teve o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 1972, "Viva o povo brasileiro", "O Sorriso do lagarto" e "A Casa dos Budas Ditosos".

Ele iniciou a vida profissional em 1957como repórter do Jornal da Bahia, e no ano seguinte editou revistas e jornais culturais, tendo dado os primeiros passos na literatura com a participação na antologia Panorama do Conto Baiano, organizada por Nelson de Araújo e Vasconcelos Maia, com "Lugar e Circunstância".

O escritor foi também responsável pela adaptação cinematográfica do romance de Jorge Amado "Tieta do Agreste", tendo no papel principal, a atriz Sonia Braga

Instituído em 1988pelos governos português e brasileiro, o Prêmio Camões homenageia, um autor que, pelo conjunto da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa.

Este ano, o vencedor foi escolhido por um júri composto por Maria de Fátima Marinho, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Maria Lúcia Lepecki, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Marco Lucchesi, escritor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ruy Espinheira Filho, escritor, jornalista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Meio, poeta e jornalista angolano, e Corsino Fortes, diplomata e presidente da Associação de Escritores de Cabo Verde

O primeiro Prêmio Camões de Literatura destingiu em 1989 o escritor português Miguel Torga. Desde então, foram distinguidos nove autores portugueses, oito brasileiros, um moçambicano e dois angolanos. Não foram ainda premiados, escritores de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau .

João Ubaldo além de embolsar o prêmio de 100 mil Euros, agora faz parte da seleta lista que entre outros, inclui João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Saramago e Antonio Cândido de Mello e Souza.

O CREPÚSCULO DO DÓLAR

quinta-feira, 24 de julho de 2008


A Merrill Lynch acaba de divulgar que investidores estrangeiros controlam 1/3 do déficit americano. Alguns desses estrangeiros - fundos controlados por chineses, russos, sauditas e outros países de petrodólares ou exportadores líquidos de "commodities" em alta - poderão utilizar a crise financeira americana como arma geopolítica. Eles poderão passar a ter um direito de veto sobre a política americana, diz o The Telegraph, de Londres. Será o fim do império americano?

A crise financeira americana poderá custar à economia de Tio Sam, algo como 8 trilhões de dólares o equivalente a 60% do PIB americano estimado para este ano e mais de 50% do PIB da União Européia. Já não se trata de uma “gripe financeira”, mas de uma doença bem grave.

Esse desastre financeiro foi divulgado pelo analista Peter Cohan, de Boston, que no seu blog faz as contas de uma crise, nascida a cerca de um ano, mas que ainda vai a menos de metade do seu caminho. As perdas de valor do imobiliário nos EUA deverão atingir 6 trilhões de dólares a que se somarão 1,6 trilhões derivados dos "write downs" (queda nos ativos) nas instituições financeiras projetados até o fim da crise.

O número de 1 trilhão foi, divulgado pela Bridgewater Associates, correspondendo a 3,5 vezes o montante já apurado e declarado em "write downs" pelas instituições envolvidas. O que significa que os analistas esperam que a crise do sistema financeiro ainda se agrave muito mais - o FDIC já teria uma lista de 90 instituições financeiras sob observação, mas Peter Cohan arrisca o prognóstico de falência de 150 bancos nos Estados Unidos nos próximos 18 meses. Bancos como o californiano Indy Mac, que sofreu intervenção recentemente,estariam sob a mira do FDIC

Contudo o risco não se origina apenas no "subprime" ou nas instituições ligadas ao mercado hipotecário, como sucedeu recentemente com a Fannie Mae e Freddie Mac, instituições "patrocinadas", desde a sua fundação, pelo governo americano.

Próximos passos- Peter Cohan refere que esta peça trágica da falência da "bolha" financeira americana tem, ainda, alguns passos a avançar. O próximo será, sem dúvida, a brutal retração no crédito ao consumidor e ao empresariado em decorrência da falta de capacidade das instituições financeiras Segundo o professor Nouriel Rubini, da Universidade de Nova Iorque, há uma regra que sempre se aplica quando há "write downs" - por cada dólar "debitado" ao ativo, há que diminuir 10 dólares no crédito..

Mas a agonia do sistema não se encerrará por aqui. O desfecho poderá ser o que Cohan chama "a hora dos estrangeiros" - a sua perda de confiança total no sistema financeiro e na credibilidade da Reserva Federal e do Tesouro norte-americanos.

A Merrill Lynch acaba de divulgar que investidores estrangeiros controlam 1/3 do déficit americano. Alguns desses estrangeiros - fundos controlados por chineses, russos, sauditas e outros países de petrodólares ou exportadores líquidos de "commodities" em alta - poderão utilizar a crise financeira americana como arma geopolítica. Eles poderão passar a ter um direito de veto sobre a política americana, diz o The Telegraph, de Londres. Será o fim do império americano?

TURBULÊNCIAS NA TAP


Os sindicatos portugueses ligados à aviação reagiram com dureza às propostas apresentadas por Fernando Pinto, presidente executivo da TAP, entre as quais figuram o congelamento dos planos de carreira e o corte do pagamento de horas extras. Pinto que perdeu o emprego na Varig,foi contratado logo depois para salvar a combalida TAP.E salvou! Já a Varig...

Cristina Vignon, líder sindicalista portuguesa,, classificou estas propostas de "inconcebíveis" e "inaceitáveis", frisando que a sua aplicação traria "uma redução de 19% no rendimento dos tripulantes".

Em contrapartida e no âmbito do plano de contenção de custos para fazer face à alta do preço dos combustíveis, a administração da TAP assegura a "manutenção dos níveis de emprego" e a "preservação dos ganhos regulares fixos".

Fernando Pinto irá reunir-se, hoje, com o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e, na próxima semana, fará novas reuniões com os demais sindicatos. Estes vão encontrar-se, na segunda-feira, para analisar as propostas da empresa e ponderar sobre a eventualidade de novos períodos de greve.

O HAITI É AQUI?

Em carta endereçada a um grupo de intelectuais, o professor da UFBA,Jorge Nóvoa, responde , comenta aspectos do socialismo, fala sobre democracia,revolução,liberdades individuais, tortura e a relação entre Cuba, Estados Unidos e Guantánamo

Jorge Nóvoa, entre
outras atividades intelectuais, éDoutor
pela Universidade de Paris 7 - Denis Diderot, 08 de março de 1985; Pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris) 1998-1999; Professor Convidado da Universidade de Paris III - Sorbonne Nouvelle (Departamento de Cinema e Audiovisual - 2003;

“Existe algum inferno maior do que Guantánamo? Ou o Haiti é aqui?

Bom dia amigos,

Gostei muito que você respondesse ao meu e-mail que teve apenas o objetivo de saudar as pessoas e de incitá-las a refletirem e a se posicionarem sobre um escândalo internacional que parece passar despercebido. Obrigado pela atenção de sua resposta e pela precisão sobre Guantánamo. Eu conhecia a origem histórica desse “cancro”, muito embora pouca gente tenha conhecimento. O modo como coloquei a questão foi para contemplar a fórmula de um orientando meu da Pós. Na verdade somos tão carentes de espaços como este que estamos realizando agora...! Eles não substituem nem livros, nem artigos, nem mesmo os Congressos e reuniões diversas. Não sei por que isto não ocorre mais vezes.

Todavia, a questão da relação do governo cubano e do povo cubano com essa base militar, desde o início da Revolução Cubana, colocou um problema fundamental: é possível o socialismo numa pequena ilha? Granados também fez uma Revolução e muito antes do acordo espano-estadonidense que rende a Cuba os miseráveis 5 mil dólares aos quais você se refere, uma revolução foi feita pelos negros haitianos que terminou fracassando. Por quê? Vários foram os motivos, mas com certeza o isolamento pesou substantivamente. Mas uma série de experiências se saldou por fracassos semelhantes, da Comuna de Paris à Revolução de 1917, à Revolução Espanhola, e à chinesa também. Isto coloca o problema, portanto, não da incapacidade de um povo de realizar uma revolução, mas de afirmá-lo e desenvolvê-la e expandi-la. Sem dúvida que os problemas são complexos e não permitem esquemas conclusivos, mas não há como negar que este aspecto da revolução permanente tal qual Marx a prognosticou – e Trotsky desenvolveu até as últimas conseqüências políticas - é uma aquisição central para a luta pelo socialismo no século XXI. Além disso, se trata de uma verdadeira aquisição para a interpretação da própria história e de seus processos sociais. Assim, em que pese todas as responsabilidades dos dirigentes e frações dirigentes da Revolução Espanhola no que concerne a suas escolhas táticas e estratégicas e às suas alianças políticas concretas, o isolamento da revolução na Espanha, ajuda substantivamente explicar os seus fracassos. Com certeza, fracassos esses que se explicam porque são ao mesmo tempo conseqüências das políticas (táticas e estratégicas) de seus dirigentes. Poucos compreenderam (e por que) a sorte da Revolução Russa estava dada em grande medida pela vitória ou pelo fracasso da Revolução Alemã, Húngara, etc. Isto pesou de modo decisivo na explicação do fato, por exemplo, de Trotsky não ter se mobilizado para a realização de um Golpe de Estado

em 1924, 15 e 26. Claro que as lutas internas das massas na URSS também pesaram na sua avaliação, além da compreensão definitiva do
fato de que os golpes não cumprem os objetivos da revolução. Não sei até que ponto Che Guevara teve consciência disto, mas é a mesma dialética que explica sua saída de Cuba. Estamos discutindo assim a dialética da revolução e da contra-revolução no interior e no exterior dos espaços que realizaram revoluções.

Sem dúvida, se democracia não concorda com tortura, Guantánamos nem goulags de nenhuma espécie, muito menos o socialismo. Tudo bem: ele não existe na face da terra. Mas este é o ponto de partida da reflexão e não o de chegada. Socialismos tenham eles as faces que tenham, não brotarão como cogumelos. Mas é preciso também que os setores que representam o aspecto subjetivo dessa empreitada histórica queiram que eles tenham determinadas faces e não outras para que eles se realizem com tais e tais características e não outras. Ou seja: o nosso ponto de partida para a análise do “socialismo” cubano não pode ser apenas a inexistência de socialismos, nem de democracia plena no mundo. Diferentemente de você eu não tenho dúvida de que nos países mais “democráticos” (Noruega, Finlândia, Dinamarca, Suécia, França, Inglaterra, Espanha) não existe verdadeira democracia. Existem torturas e existem censuras e as privatizações são um aspecto da política neoliberal. As conquistas democráticas e sociais que os movimentos sociais que os movimentos diversos realizaram e realizam, as concessões arrancadas de uma mão são tomadas pela outra. E se as bases materiais e sociais de classes subsistem, sem dúvida que eles permitem ao fascismo sobreviver de modo proto ou ordinário, aparecendo com toda a sua face em políticas específicas, sem que seja necessário a seus militantes e dirigentes aparecerem como protagonistas. A natureza política fascista se acha no registro de DNA do capital e desde sua acumulação primitiva, histórica e só desaparecerá quando ele desaparecer, se ele desaparecer sem a humanidade.

É verdade que em países como os nossos esta realidade parece mais feia, pelas favelas, pelo desemprego e pela miséria. Mas se tratam de diferenças de quantidade. Mas se olharmos bem os EUA, suas eleições, sem índice populacional que se encontra abaixo do limite de pobreza é assustador. E Bush que foi eleito para realizar a política que está realizando, não foi eleito livremente. As eleições não foram apenas fraudadas. Foram também “encurraladas” como no Brasil, por exemplo. Bandos armados, semelhantes às SS nazistas (sem farda) vasculharam os redutos “democráticos” e que votariam no candidato democrático e ameaçaram de mortes seus militantes. Eu conheço gente que sofreu de tal experiência. Dos espancamentos e de possíveis mortes, nós não temos notícias. Sobre a questão de tortura em Cuba e a liberdade de expressão, são dois medidores importantes do nível de sua democracia. Durante a Revolução, também ocorreram julgamentos sumários e tortura física, conquanto toda uma discussão se tenha realizado no seio dos dirigentes revolucionários sob a questão da ética revolucionária e da qual o próprio Che foi um dos principais mentores. Depois também, infelizmente. Eu não vou falar do Benigno, que foi se tornou companheiro de Che nas montanhas de Cuba e a quem, dentre outras coisas, agradece a Che de tê-lo alfabetizado e que se acha exilado na França, depois de ter sobrevivido à experiência boliviana fugindo a pé pelo Chile. Ele não pôde permanecer em Cuba porque quis cobrar contas aos dirigentes cubanos. Dois livros relatam sua experiência, ele que foi um dos braços direitos de Che – sem falar de Camilo Cienfuegos que desapareceu misteriosamente no dia do seu casamento dois ou três anos depois da tomada do poder:

1) Dariel Alarcón Ramírez e Mariano Rodríguez. Les survivants Du Che. Monaco. Éditions du Rocher. 1995 (não traduzido no Brasil);

2) Dariel Alarcón Ramírez « Benigno ». Vie et mort de la révolution cubaine. Paris, Fayard, 1996. (também sem tradução)

Ou será que se pode colocar uma única questão: porque não se deixa os “desertores” da Ilha se ir embora? Qual a necessidade de prendê-los na Ilha contra a vontade deles? Um amigo meu me contou que uma vez estava passando férias na Ilha de Itaparica - que fica em frente a Salvador, na sua baia, portanto, e encontrou num dos seus hotéis, algo como 15 jovens estudantes com idades entre 19 e 25 anos. Faziam parte de uma banda de rumba que veio se apresentar em Salvador. Este amigo - que tem casa em Itaparica, depois de ter simpatizado com eles que se interessavam muito pela música brasileira, convidou-os para que fossem até sua casa, escutar música, num sábado à noite. Eles aceitaram dizendo que teriam que falar com o chefe da equipe. Mas certo mal estar já havia se instalado pelo simples convite. No dia marcado, meu amigo telefona para confirmar. Das evasivas não se saiu até uma negativa mal disfarçada, mas sem explicação assumida. De são consciência, desse socialismo eu não quero para os meus filhos e, portanto, eu defendo as conquistas da revolução (educação, saúde, etc.) e o povo cubano. Existe assim, pelo menos uma questão que pode ser colocada diante da constatação que Cuba fez uma revolução, mas não é socialista. A questão que pode ser colocada é: em Cuba, hoje, nas condições que são as suas, é possível se aprofundar conquistas democrático-socialistas? Minha resposta é sim. Os organismos de elaboração dessa política precisam ser desenvolvidos e chamados a elaborar sua política. Trata-se de condição sine qua non da sobrevivência de qualquer revolução popular.

Desgraçadamente, e você tem razão, não se faz uma revolução sem violência. Mas existem violências e violências e diferentes alvos que sofrem sua ação. Uma coisa é você durante a luta pela tomada do poder usar dar armas de fogo, outra coisa é você fazer prisioneiros e arrancar suas unhas para que eles delatem seus superiores ou subordinados e outra coisa é impedir-lhes de que possam dizer, dessa democracia eu não quero, muito particularmente quando não existe troca de fogo permanente, quando não se está numa guerra aberta. Tudo bem: Cuba permanece sob bloqueio econômico. Mas afinal não é melhor que os “dissidentes” saiam do que mantê-los próximo? O filme Antes de anoitecer no qual Javier Barden vive o papel do poeta cubano Reynaldo Arenas, discriminado e perseguido por ser homossexual, nos ajuda muito a pensar qual o socialismo que queremos. Cuba não alcançou o socialismo porque estatizar a produção, mesmo a do grande capital, não é suficiente para alcançá-lo. O blóqueio econômico imposto pelos EUA, não é justificativa para que medidas de construção de um progressivo governo dos trabalhadores possa ser empreendido. O povo precisa aprender a governar através de seus organismos de conscientização, organização e expressão (seus jornais próprios) e para que estes se transformem em um poder efetivo. Educação e saude são conquistas muito boas que a Noruega, a Suécia, a Dinamarca etc., também efetivaram sem que possamos dizer que se tratam de países democráticos. A Alemanha de Hitler acabou com o desemprego, inclusive contra muitos capitalistas. Ademais, a maior educação e a maior saude deve ser revelada pela capacidade desse povo poder discutir livremente, se organizar livremente, porque senão vai ficar sempre a questão: para que que serve o socialismo, senão como obra dá emancipação e para a emancipação dos trabalhadores? Quanto ao bloquéio a união de vários países latino americanos (Brasil, Bolívia, Venezuela, Equador, etc.) podem bem ajudar pelo menos a amenizar.

São outras questões que precisamos discutir. Precisamos sair urgentemente daquela posição que, por pretender que o socialismo – como dizem alguns é uma utopia e por definição não existe em lugar algum – não há porque colocá-lo na ordem do dia. Subordinado a essa perspectiva está aquele velho argumento que perdurou como subproduto das frentes populares e do estalinismo da necessidade de acumulação de forças e da revolução por partes. Há quem defenda com grande capacidade de contorção que a China descobriu a verdadeira via para o socialismo: o desenvolvimento pleno de um capitalismo dirigido por mandarins vermelhos. E assim, enquanto discutimos a acumulação de forças até para discutir o socialismo, a humanidade entrou há muito tempo numa escalada vertiginosa e muito pouco consciente para a maioria da população, de destruição quando, ao mesmo tempo, a chamada globalização, fundiu os tempos históricos de todos espaços. O socialismo hoje, especialmente para quem se reividica de Marx e de suas teorias, é o patamar mínimo necessário do qual qualquer reflexão precisa partir.

Obrigado pela atenção e bom domingo para todos.

Abraços, Jorge ”

PEGOU MAL

quarta-feira, 23 de julho de 2008



Porém, o ex-marido(com ela na foto à esquerda) ganhou o processo de divórcio. Um tribunal de Nova Iorque deu-lhe razão e considerou que Tricia fez "uma campanha cruel, calculada e insensível para humilhar o marido e as filhas dele". Mesmo assim, a ex-atriz não sai de 'mãos abanando’. A assanhada e esperta perua leva a bagatela de 441 mil euros no bolso, mas terá de deixar a casa onde vive.

Acabou mal a história de Tricia Walsh Smith, a ex-atriz britânica que usou o Youtube para se vingar do marido, por considerar que estava sendo prejudicada no divórcio.

No vídeo que colocou no site, Tricia contava detalhes íntimos da vida do casal, como a falta de sexo, e chegou a chamar "maléficas" às antigas enteadas. As imagens tiveram sucesso e foram vistas mais de três milhões de vezes.

O alvo era Philip Smith, dono da Shubert Organization, companhia de teatro responsável por sucessos como os musicais "Cats" e "Dreamgirls". Tricia considerava que ficava mal, financeiramente, com a separação e mostrava não querer ser expulsa da luxuosa casa onde vivia.

Porém, o ex-marido ganhou o processo de divórcio. Um tribunal de Nova Iorque deu-lhe razão e considerou que Tricia fez "uma campanha cruel, calculada e insensível para humilhar o marido e as filhas dele". Mesmo assim, a ex-atriz não sai de 'mãos abanando’. A assanhada e esperta perua leva a bagatela de 441 mil euros literalmente na bagagem; Terá de de deixar a casa onde vive.Definitivamente,pegou mal!