SIMPLESMENTE CHAMPAGNE!

sábado, 31 de maio de 2008



Beber champanhe aqui é como dançar valsa em Viena. Estamos, sem evitar os superlativos, no coração dos mais famosos vinhedos do mundo.

Seis da manhã sem falta no aeroporto, dizia o convite. A hora era um tanto inconveniente, mas a visita à região do champanhe, ainda que meteórica, prometia ser uma experiência interessante e proveitosa, sobretudo para os sentidos. Pousamos no aerodinâmico aeroporto Charles de Gaulle que confirma a exuberância visual da arquitetura de Norman Foster. Caímos em Paris dentro de um frio cortante. Dois restauradores juntam-se à excursão. Um mini-bus, bem mignon, conduz-nos a Épernay onde saboreamos um almoço num restaurante tipicamente francês, bem regado a champanhe.
Claro, champanhe. Beber champanhe aqui é como dançar valsa em Viena. Estamos, sem evitar os superlativos, no coração dos mais famosos vinhedos do mundo. Os números são impressionantes: 30 mil hectares de vinha, 200 milhões de garrafas nos 100 quilômetros de caves que se estendem debaixo dos nossos pés. Com as encostas cobertas dos castanhos outonais, a monótona paisagem de cepas baixas e despidas não me pareceu especialmente entusiasmante. Mas o que importa isso, se as bolhas daquele vinho prodigioso, de que é a matriz, transmitem uma alegria contagiante? A cidade, brutalmente bombardeada nas duas últimas guerras, conserva ainda alguns vestígios arquitetônicos do passado. Na Avenida do Champanhe, bordada de construções do século XIX de estilo renascentista e neoclássico, concentram-se as famosas maisons. Entre os edifícios é de se destacar a Orangerie, projetada no Primeiro Império pelo pintor Jean-Baptiste Isabey. Tem este nome porque servia para abrigar, os rigorosos invernos, as laranjeiras da Moet & Chandon. Alamedas simétricas, harmonia de linhas e volumes, reflexos de água, esculturas vegetais. Frente a frente, os palácios de Chandon e Trianon ilustram o gosto de uma época.


Belas adormecidas - Além da agricultura, que ocupa mais de 30% da superfície útil, a região se beneficia ainda das vantagens do turismo trazido pelo champanhe. Iniciemos a visita guiada. Na penumbra das galerias subterrâneas dormem um sono profundo de belas adormecidas, as garrafas do Moet & Chandon. De repente, surgem efeitos fantásticos de caráter museológico no traçado da geometria. As instalações, de fazer inveja a qualquer artista de vanguarda, existem realmente, mas as pinturas arqueológicas das paredes, as supostas abstrações de Tapiés e as esculturas astecas, são produtos da imaginação. Pensamos nas operações de alquimia que ali decorrem. Nos segredos que escondem aquelas caves labirínticas e misteriosas onde se acoitavam os membros da resistência contra a ocupação nazista. Mãos experientes rodam todos os dias as garrafas, colocadas em estantes de madeira com o gargalo levemente inclinado para baixo, durante cinco a seis semanas. “Doucement”. É isto a “remuage”.

Temperatura constante - Após o envelhecimento num ambiente de humildade e temperatura constantes, os ímpetos e os aromas contidos pela rolha de cortiça fixada por um açaimo metálico, o vinho já “feito” entra nos circuitos comerciais, enfeitado com o rótulo e a gravata que indicam a categoria a que pertence.
De novo, o champanhe a fervilhar nas flutes. Estamos numa sala acolhedora onde há fotografias de visitantes ilustres que suscitam alguma curiosidade. Kim Novak e Gary Grant, e em preto e branco, destilam aquela sedução das estrelas de Hollywood. Tão vedete como este par místico cinematográfico só a garrafa de Moet & Chandon que assoma no frappé. Mas voltemos ao princípio, às cepas prodigiosas com as raízes fincadas no solo calcário desde a época terciária. Champanhe que se preze só admite três castas. A chardonay, que lhe fornece frescura e vivacidade, a pinot noir, que lhe confere o sabor frutado e a pujança, e a pinot meunier da qual recebe o “arredondamento”. Cumprem-se os ciclos, ano após ano. Apesar dos granizos, das tempestades e das geadas tardias, a videira floresce e o fruto consegue vingar. Finalmente, em setembro, quando a uva exposta ao langor do sol estival já ganhou açúcar, processa-se a vindima manual, executada pelos hornons, que são equipes de 40 colhedores. Seguem-se as fases da prensagem e da classificação do vinho.
Rosés e millésimés - Infelizmente passamos ao lado, como cão em vinha vindimada, da catedral de Notre-Dame de Reims. Com a classificação de patrimônio mundial, edificada no início do século XII, é uma obra-prima absoluta do gótico. Aqui foi batizado Clóvis, o rei dos francos, no período das invasões bárbaras. Que pena não pararmos para admirar a célebre escultura do Anjo Sorridente que ornamenta a porta lateral da fachada deste imponente templo. Ficamos alojados no Hotel Royal Champagne onde se abarca uma magnífica panorâmica dos vinhedos de Épernay. Mantém o charme antigo e oferece uma apuradíssima cozinha. Para não falar da soberba adega onde se destacam cerca de duas centenas de brutos, rosés e millésimés excepcionais. Um jantar opíparo, uma orgia de champanhe. Lá fora, o vento rugia furioso, parecendo querer levar tudo pelos ares.
Assemblage. Eis uma palavra sonora que remete para o léxico da produção artística. Significa que os vinhos de cada cru são avaliados, degustados e classificados, para que o chefe da Maison e seus enólogos possam estabelecer as proporções da mistura com as reservas dos anos anteriores. Quanto mais extenso for o leque de escolhas, melhor se poderão combinar e harmonizar as múltiplas expressões das uvas. Na perícia criativa da Assemblage reside o segredo dos grandes champanhes. Depois de selecionadas, as cuvées são postas nas caves para que o tempo exerça a sua ação de demiurgo. As leveduras que contribuíram para a efervescência ou prise de mousse libertam substâncias aromáticas. Esta segunda fermentação é vital na elaboração do champanhe. Deste “vinho de fresca espuma que é a imagem brilhante dos franceses”, como escreveu o iluminado Voltaire com alguma petulância.

Pomba profética - Debaixo de uma chuva impertinente, visitamos a abadia de Hautvilliers, fundada por S. Nivard. Diz a lenda que uma pomba profética lhe indicou o lugar onde devia fundar o mosteiro. Na igreja, decorada com pinturas setecentistas e oitocentistas, admiramos a capela de Santa Helena e o túmulo de Don Pierre Pérignon, o célebre monge envolvido em diversas experiências que seriam determinantes no percurso do champanhe. Durante o almoço no Petit Trianon, juntamente com as divinais iguarias, tivemos oportunidade de apreciar várias categorias de champanhe Moet & Chandon, evidentemente.


Dois séculos e meio - Sob a bandeira desta maison, forjou-se um vinho com dois séculos e meio de história. Tudo começou com Claude Moet, um negociante de vinhos oriundo de uma família da região de Épernay. Assiste-se a um progresso no domínio comercial com Jean-Marie Rémy, neto do fundador que abriu caminho nos mercados europeus. A casa passa a chamar-se Moet & Chandon quando este homem empreendedor entregou em 1832 a administração da firma ao filho Victor Moet e ao genro Pierre-Gabriel Chandon. Servido nas ceias galantes de Louis XV e da poderosa Marquesa de Pompadour, um monumento de mulher, entre cabeleiras empoadas, frous-frous de veludos e rendas, o champanhe conquistou mais tarde Josefina e Napoleão, que nas suas habituais expedições pela estrada de Reims costumavam visitar o amigo Jean-Marie Rémy. Para selar essa ligação, a título de homenagem, nasceu o Brut Imperial. Elogiado por escritores como Goethe e Diderot, o champanhe animou os salões literários da madame Stael e foi consumido sem moderação nos anos loucos e trepidantes da Belle Époque.
Moda internacional - Atualmente, por razões lógicas, o Moet & Chandon introduziu-se nos ambientes da moda internacional. Integrado no grupo Moet Henessey-Louis Vuitton que possui algumas das mais famosas marcas de roupa, acessórios e perfumes como Dior, Guerlain, Lacroix ou Givenchy, é neste momento líder mundial do champanhe. Frívola, cintilante e efêmera, a moda condiz lindamente com as bolhas. Meret Oppenhein, artista e musa do movimento surrealista, ousou aparecer com uns esquisitos brincos que eram rolhas de champanhe. O revivalismo deste motivo estético reapareceu em 1980 com os acessórios concebidos por Sthepen Jones, exatamente para um Don Pérignon Millésimé

UM SÉCULO DE BOM PALADAR

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Funcionando ininterruptamente há quinze anos, a franquia do Alfredo di Roma em Salvador, deve o seu sucesso à presença diária dos proprietários que reinvestem freqüentemente na casa e comandam uma equipe motivada que serve café da manhã, almoço e jantar 365 dias por ano mantendo um reconhecido padrão de qualidade


Alfredo,"Il fundatore", seu filho e o neto Alfredo di Lellio que aparece também na foto superior entre Durval Mesquita e o sócio Valter Telles

Uma história de sucesso, percalços e carinho veio aportar na Bahia na forma de um restaurante, o Alfredo di Roma, Il Re delle Fettuccine, franquia desta lendária e quase centenária casa italiana. Um dos responsáveis por esse privilégio desfrutado pelos baianos é o empresário Durval Mesquita, que, junto com a esposa Maria Célia e o sócio, não hesitou em enfrentar o desafio. O resultado é que numa área com sazonalidade constante e concorrência acirrada, o trabalho vem dando excelentes frutos ao longo dos últimos quinze anos.


Com uma localizaç
ão privilegiada, no bairro de Ondina, o restaurante fica instalado no Atlantic Tower Hotel, antigo Ceasar Tower, mantendo uma relação de independência que depois, se transformou-se em parceria ao estender aos hóspedes do hotel, o café da manhã, serviço de quarto e refeições fornecidas pela cozinha do Alfredo.
Para completar, o
s visitantes e freqüentadores da casa também podem desfrutar do happy-hour no Terrazza, espaço aberto que lembra os agradáveis cafés italianos.

O encontro entre Durval Mesquita e Alfredo di Lellio (neto do fundador e terceiro da linhagem), aconteceu no momento certo. Mesquita vinha de uma bem-sucedida carreira de 12 anos como executivo do grupo Econômico. Sua visão administrativa não comportava algumas características da área, explica, e junto com a esposa começou a procurar alternativas para criar um negócio próprio e original. A chance veio através de um amigo, amante da cozinha italiana, que intermediou o conhecimento entre os dois empresários.
Segundo Durval Mesquita, Alfredo estava se tornando habitué na Bahia, onde costumava realizar festivais gastronômicos tendo como carro-chefe o indispensável magestosíssimo fettuccine ou fetuccinne do Alfredo. Encantado com a boa terra, ele pensava em instalar uma franquia em Salvador. Por uma grata coincidência, o baiano já conhecia o restaurante na Itália, o qual aprecia
va pela qualidade do cardápio e das instalações. Começava assim um relacionamento comercial que tinha tudo para dar certo.


Estréia aplaudida –
O Alfredo di Roma abriu suas portas em Salvador em 1993, e desde então se tornou um dos restaurantes mais procurados por quem aprecia a boa mesa. Firmou-se como ponto de encontro de figuras conhecidas do mundo artístico, cultural, empresarial e político, cujas presenças estão registradas nas paredes da casa, em fotografias originais onde literalmente mexem com a massa. “Os primeiros dois anos foram excepcionais”, explica Durval, “mas depois tivemos que
enfrentar uma ampla concorrência, mantendo a qualidade de nossos produtos”.
A maior parte do material consumido na cozinha vem da Itália, principalmente a massa, queijos e vinhos. Um dos maiores atrativos do restaurante é o ambiente, recriado com o estilo da matriz, mas com toques próprios de seus proprietários. O projeto original foi concebido pela arquiteta e decoradora Jô Almeida, mas como todo capricorniano que se preza, Durval com seu perfeccionismo foi introduzindo algumas modificações e colocou suas idéias em prática ao longo do tempo, com pequenas obras que alteraram a estrutura original. Logo na entrada é possível observar a existência de três ambientes: o hall com o bar bem montado, e decorado com banquetas e confortáveis poltronas; separados deste por uma meia parede que lembra ruínas romanas, estão o salão grande com capacidade para100 pessoas e o terraço. Este detalhe foi acrescentado posteriormente, porque a parede inteiriça destoava da fluidez própria da
casa, avalia o empresário. Assim, sem muita despesa, o ambiente foi arejado por esta nova divisão. E é justamente neste novo recanto que estão colocadas as fotografias coloridas de visitantes brasileiros ilustres como Regina Casé, Caetano Veloso e Paula Lavigne, Gilberto Gil, Fernanda Montenegro, Letícia Spiller e Daniela Mercury, entre outros que se somam aos apaixonados pela culinária dos Alfredos e nos últimos 100 anos, pisaram os salões da matriz romana como Mary Pickford, Douglas Fairbanks(Foto), Gary Cooper, Audrey Hepburn, Marylin Monroe, Gregory Peck, Linda Darnell, Harry Truman, Michael Collins, Clark Gable, Maria Callas, Eisenhower, Ringo Star, Roosvelt, Marlon Brando, Frank Sinatra, Pink Floyd, Gabriele D’Annunzio, Tommaso Martinetti, Benito Mussolini, Ettore Petrolini, Sofia Loren, Sandro Pertini, Tazio Nuvolari, Megan Gale, Renzo Arbore, On. Fini, Famiglia Pirelli, Claudia Cardinale, Gustavo di Svezia, Principessa Sonia di Norvegia...

Time de primeira – Para garantir um atendimento de primeira linha aos clientes, a casa conta atualmente com 55 funcionários, que se mobilizam para atender os pedidos do variado cardápio que possui opções como a verdadeira pasta italiana, carnes, frango e frutos do mar. O restaurante,provavelmente é o único da Bahia que funciona 365 dias por ano abrindo para almoço e jantar. Além do indispensável fettuccine, vale a pena sair da dieta para provar irresistíveis sobremesas como o tiramissu, chocolatíssimo e profiteroles. O café da manhã ainda está restrito aos hóspedes do hotel, explica Durval Mesquita, mas está prevista a possibilidade de acesso para empresários que preferem realizar reuniões de negócio durante as primeiras horas da manhã.
A preocupação constante com a manutenção da qualidade garante ao Alfredo di Roma uma clientela cativa, com pessoas que freqüentam o restaurante desde a sua abertura. Detalhes como um confortável espaçamento entre as mesas, guardanapos e talheres impecáveis são apreciados pelos fiéis freqüentadores. A utilização de ingredientes únicos como as massas italianas Barila, o queijo parmeggiano reggiano, (indispensável ao sabor especial do fettuccine do Alfredo,) azeite de oliva extra-virgem italiano dá o tom certo ao paladar.
Para completar, uma carta de vinhos com os melhores rótulos da Itália, mas sempre ampliada por variedades de outros países. As garrafas conservadas em adegas climatizadas completam o prazer de quem busca a casa que conta tanbém com o Somellier Marcelo Sousa, seguramente um dos melhores profssíonais da ciadade.

Quem procura o restaurante sente ainda o clima de uma grande família, que mostra o prazer de bem-receber, tão parecido com o jeito baiano de recepcionar os visitantes, acrescido do caloroso estilo italiano de desfrutar dos grandes prazeres da vida


A história do Alfredo di Roma começou em 1908 quando foi fundado por Alfredo Lellio, a partir de um negócio herdado da mãe. A trajetória do comerciante começou a mudar algum tempo depois quando, reocupado com a indisposição da mulher Inês que havia acabado de dar à luz o primeiro filho, ele decidiu criar um prato de sabor leve e delicado. Para isso tomou 100 gramas de semolina, 50 gramas de manteiga cremosa e a mesma quantidade de queijo parmesão. Estava firmada a marca registrada da casa depois que, por sugestão da esposa, a novidade foi incorporada ao cardápio da casa. Descoberta inicialmente pelos artistas do Cinecittá, cidade cenográfica romana que atraía gente do cinema de todo o mundo, teve impulso definitivo ao receber os atores de Hollywood, Douglas Fairbanks e Mary Pickford, durante a lua-de-mel do casal. Deslumbrados pelo sabor especial do fettuccinne de Alfredo passaram a ser freqüentadores habituais, presenteando o proprietário com um garfo e uma colher de ouro, de meio quilo cada, contendo a inscrição “Ao Rei do Fettuccine”.
O restaurante passou a atrair celebridades internacionais, mas a Segunda Guerra Mundial representou um duro golpe nos negócios. Por ser freqüentado por partidários do fascismo e pelo próprio Mussolini, a casa foi fechada após um atentado. Dois anos depois foi vendida ao maître e somente após muito tempo foi reaberta. Começou aí a pitoresca disputa de qual dos dois poderia ostentar o nome original. Mas através dos anos, Alfredo Jr. (segundo da linhagem) aprimorou a arte do fettuccine, com a disciplina e experiência repassadas pelo pai. O sucesso foi tanto que gerou a abertura de filiais na Cidade do México, Santiago, no Chile, Epcot Center, Rio de Janeiro, Salvador... Os talheres são levados nas visitas feitas pelo terceiro Alfredo em todas estas franquias, sendo utilizados por “Il Re delle Fettuccine” para servir os convidados especiais. Como presente especial ao restaurante em Salvador, uma das paredes ostenta fotografias em preto e branco de clientes da matriz italiana, considerados como alguns dos maiores artistas do século XX.


O HOMEM QUE FICOU SÓ

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Em Outubro de 1996, depois de três dias voando entre Nova Iorque, Rio de Janeiro e Miami, os repórteres Celso Mathias e Marcus Monteiro conseguiram entrevistar no escritório de Miami, onde cumpria seu auto-exílio, o então ex-presidente Fernando Collor de Mello. Foi a sua primeira fala após a cassação. A entrevista foi publicada com exclusividade na edição 173 Vida Brasil, há 12 anos atrás

Hoje, Fernando Collor de Mello é Senador da República. A entrevista contínua atual, e mostra como os políticos se acomodam a situações e interesses. Divirta-se nessa síntese da edição original

DEPOIS DO SILÊNCIO
Fernando Collor - Outubro de 1996 - edição n.º 173
Entrevista concedida a Celso Mathias e Marcus Monteiro em Miami - USA


A partir de artigos publicados na imprensa, Vida Brasil decidiu procurar Fernando Collor de Mello para questioná-lo sobre a nova leitura que estão fazendo do período em que ele presidiu o Brasil.
Encontramos o ex-presidente Collor de Mello instalado no 19º andar de um edifício onde advogados locais e empresas como a Air France mantêm seus escritórios. Na entrevista, ele faz uma revisão de seu governo no período que o levou ao impeachment, evita citar nomes de quem ele considera seus algozes e garante que foi deposto por um golpe. O ex-presidente espera o retorno de seus direitos políticos -- cassados pelo Senado Federal - após a sua absolvição pelo Supremo Tribunal Federal, "a mais alta corte da justiça brasileira", como faz questão de lembrar.

VB- O senhor chegou muito cedo a altos cargos políticos. Onde a idade ajudou ou atrapalhou a sua carreira?
- Eu diria que a idade ajudou bastante. Primeiro, por ser um contemporâneo do meu tempo. Por ser uma pessoa engajada nesse novo mundo que apareceu a todos nós neste final de século. Este é um fator positivo. O segundo fator positivo da idade foi a vontade de realizar. A disposição de trabalhar dia e noite servindo integralmente a meu país, ao meu Estado e ao meu Município. Algo que se tivesse mais idade talvez não tivesse mais a disposição, nem tampouco a saúde que lhe é exigida para que você cumpra na sua plenitude o mandato que lhe foi outorgado.

VB- Quais os pontos negativos da pouca idade que podem ter atrapalhado a sua carreira política?
- Os pontos não tão positivos eu diria que são exatamente esse excesso de energia, vitalidade, de vontade de fazer as coisas acontecerem de forma rápida. Esse certo voluntarismo e também o fato de a idade não ter permitido, naquele momento, conhecer melhor a natureza humana.

VB- O senhor teria hoje esse amadurecimento para tratar com os políticos?
- Sem dúvida, o ato de eu ter me dedicado quase que absolutamente à tarefa de administrar o país me deixou pouco tempo para tratar da questão do relacionamento político com o Congresso Nacional. Eu deveria ter dividido meu tempo para dar maior atenção ao mundo político, porque as regras do jogo que estão aí são essas. Isso é uma exigência e, portanto, uma prática da vida pública nacional.

VB- O que o senhor Paulo César Farias representou na sua vida pública? Até onde as ações dele contribuíram para a sua saída da Presidência da República?
- O dr. Paulo César foi um dedicado tesoureiro de campanha do candidato do PRN à Presidência da República. Foi só isso que o doutor Paulo César representou na minha vida pública. As outras lições ficam por conta de especulações que não se comprovaram.

VB- O senhor sabe nominar quem foram os patrocinadores do seu processo de impeachment?
- São vários. São várias pessoas... mas eu não devo homenageá-los citando-os pelo nome. Alguns já não estão mais entre nós. Outros foram julgados e condenados por comprovadas práticas menos nobres ao lidar com o Orçamento da União. Outros foram derrotados nas urnas e outros ainda estão aí exercendo mandatos públicos... enfim, eles sabem quem são. Porque, no fundo, no fundo, lhes dói a consciência a maneira feita, a maneira baixa, covarde... (cerra os punhos e travando os dentes, repete) covarde como eles promoveram o meu impeachment.

VB- A que o senhor atribui o fato de a mídia ter se colocado contra o senhor durante todo esse processo que culminou no seu impeachment?
- (Depois de um longo silêncio) É... isso aí tem... isso aí... Isso aí fará parte do meu livro. Não quero antecipar nada agora.

VB- O senhor acha que houve maniqueísmo da massa naquele momento?
- Sem dúvida. A população foi manipulada do ponto de vista psicológico. Houve uma manipulação das massas pela propaganda contra minha pessoa e meu governo. Essa foi uma violação brutal, sobretudo jovens da classe média que foram utilizados como inocentes úteis nesse processo. Eu já recebi várias cartas e visitas pessoais de alguns jovens que naquela época tinham 13, 14 anos, e hoje com 17, 18 e até 21, chegam para mim dizendo que agora entendem como eles foram utilizados naquele processo.

VB- A mídia que se mobilizou para levá-lo à Presidência da República foi a mesma que contribuiu para retirá-lo do cargo?
- Claro! Eu não sei é se houve esse apoio à minha campanha para a Presidência. Houve uma cobertura grande da mídia à minha ação como governador do meu Estado. Até porque eram fatos que se criavam dentro do Estado, era uma nova forma de administrar que se fazia necessário implantar não só em Alagoas, mas em outros Estados do país. Isso era notícia e, logicamente, a mídia divulgava essa ação. A partir do momento em que fui candidato à Presidência da República, você nota uma mudança muito grande no comportamento da mídia em relação a minha candidatura. Eu até entendendo, porque tínhamos nomes importantes da política nacional, eram 15 ou 16 candidatos. Era natural que essas pessoas com 40, 50 anos de vida pública tivessem um relacionamento maior com os órgãos da chamada grande imprensa. Eles com 40 anos de vida pública e eu com 40 anos de idade. A partir daí não vimos nenhuma manifestação de apoio à mídia, ao contrário, a grande imprensa foi muito agressiva contra a minha.

VB- Por que o senhor diz que está faltando ao governo vontade e determinação política?
- Digo isto porque, em 1990, tomei posse em março e em novembro já tinham eleições. Me lembro muito bem que nem por isso deixei de tomar todas as medidas necessárias independentemente da questão de estarmos próximos ou não de uma eleição. Ao governo está faltando determinação, vontade política e tutano para comandar as reformas e sensibilizar não só o Congresso Nacional, mas a sociedade, para o acerto das reformas que precisa o país.

VB- Num dado momento do seu governo ventilou-se a possibilidade da formação de uma coalizão e o hoje presidente Fernando Henrique Cardoso, na época senador da República, foi convidado para ser ministro das Relações Exteriores. Foi impedido por Mário Covas. Isso realmente foi verdade?
- Ele esteve para ser ministro dessa pasta duas vezes. Quero dizer que, pessoalmente, tenho um grande apreço pelo presidente. Ele é uma pessoa encantadora e sempre digo que é meu marxista preferido (comenta em tom de ironia). Ele quis ser meu ministro e ficou encantado com a idéia. E eu também fiquei encantado com o fato de poder tê-lo no meu Ministério porque, quando fechei o acordo com o presidente do PSDB, na época Franco Montoro, caberia ao PSDB os ministérios da Fazenda, que seria ocupado pelo deputado José Serra, e das Relações Exteriores, pelo então senador Fernando Henrique Cardoso. Veja bem, eu estava composto com o PSDB e entregando aos tucanos o Ministério da Fazenda, um partido adversário. Então é claro que eu queria me cercar de pessoas que reputava como importantes. Mas não tenho dúvida de que Fernando Henrique seria um grande ministro para essa pasta, com muita desenvoltura, principalmente pelos salões. Você solta ele nos palácios, em um lugar acarpetado, com boa música de câmera, com violinos, que ele se sai maravilhosamente bem.

VB- Qual é a expectativa do senhor. Fernando Collor pretende se candidatar antes do ano 2000, já que está sendo inocentado pela justiça?
- Não farei nada para isso. Até porque não quero retirar do Senado essa satisfação que ele deve a si próprio, enquanto instituição. O Senado cassou o mandato de um presidente e os seus direitos políticos única e exclusivamente na suposição de que as acusações que lhes faziam eram verdadeiras. Muito bem, dois anos depois da investigação, eu sou o político mais investigado da vida republicana do país. Investigaram toda a minha vida e não encontraram nada

NOME DE REI E PREÇO DE SÚDITO



Chega ao Brasil a Vodka Sobieski, a Vodka Premium nº 1 da Polônia, produzida 100% com álcool de cereais do país de origem da bebida, a Polônia. O cereal usado é o “centeio de ouro de Dankowski", colhido nos férteis campos de Masowsze, no Leste do país. Esse propício terroir é reconhecido por sua extraordinária qualidade na elaboração de vodkas Premium. A Sobieski foi premiada com medalha de Ouro pelo Beverage Tasting Institute em Chicago recebeu a pontuação de 95.

O produto é o primeiro lançamento da empresa Francesa de bebidas Belvedere no Brasil, através de sua subsidiaria brasileira a Dubar, que importa o destilado de centeio de ouro de Dankowski e o engarrafa aqui, chegando ao nosso mercado com preço muito competitivo: R$ 21,00 em garrafas de 750 ml. Atualmente, a Sobieski é a vodka internacional de maior crescimento em vendas no mundo, segundo dados da Drinks Internacional.

O nome Sobieski é uma homenagem ao último grande rei de Polônia, Jan III Sobieski, que governou de 1629 a 1696. Este rei foi reconhecido por sua coragem e gênio forte, sendo chamado de "Leão da Polônia". Com essa inspiração e com mais de 500 anos de tradição nasceu a Sobieski, a Vodka Real.


Prémios-Por sua qualidade e excelência, Sobieski foi premiada com medalha de Ouro pelo Beverage Tasting Institute em Chicago, em setembro de 2007, recebendo a pontuaçao de 95, classificado como excepcional e indicada como Best Buy: "Um valor incrível no mundo de vodkas de alto preço."

("Clear. Spicy aromas of star anise, cream, minerals and powdered sugar follow through to a round, silky entry and a smooth off-dry medium-to-full body with a long, lingering whipped cream, spice, rye dough, and sweet citrus fade with virtually no heat. Great subtle, pure, and spicy rye flavors with a lively texture and superb smoothness".)

Também em setembro, a revista francesa La Revue Du Vin de France, promoveu uma degustação com 25 das mais famosas vodkas do mundo de diversos países. Uma das surpresas que os degustadores destacaram na revista foi a de que as vodkas Russas não estão classificadas entre as melhores, contrariando o mito de que este era o melhor produtor da bebida do mundo. A Polônia ficou a frente da degustação na classificação dos produtos sendo que a Sobieski obteve 16,5/20 pontos, a melhor classificada entre todas as degustadas.

RESSUCITANDO PC FARIAS

segunda-feira, 26 de maio de 2008


Badan,Sanguinetti e PC

Um personagem importante que já não está entre nos, conviveu de perto com todos os citados. Na versão dele,a que fica mais distante das fantasias, das conspirações , das máfias ...


Algumas pessoas morrem e não as deixam descansar, morrer mesmo! PC Farias é uma delas.

Outras morreram, mas resistem ao processo do esquecimento; George Sanguinetti

PC Farias, diante do que ocorre hoje, foi o modesto tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello e o pivô da sua queda

George Sanguinetti, como gosta de ser denominado, é coronel-médico da reserva da Polícia Militar de Alagoas e ex-professor de Medicina Legal da Ufal (Universidade Federal de Alagoas). Hoje, segundo ele, concilia as funções de vereador em Maceió (AL) pelo PV com a de consultor na área de perícia.

Há mais um personagem nessa historieta que já foi contada de diversas maneiras; Fortunato Antonio Badan Palhares, mais conhecido apenas como Badan Palhares, um dos mais famosos legistas brasileiros. Foi pesquisador da Universidade Estadual de Campinas e ficou famoso por atuar na investigação forense de vários crimes como o assassinato de PC Farias e na identificação das ossadas encontradas em uma vala comum no cemitério de Perus, em São Paulo.

Badan Palhares, segundo seu próprio o web site, define-se entre outras coisas como “Médico-Legista Efetivo da Seção de Perícias Médico-Legais da Delegacia Regional de Polícia de Campinas da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo”, ainda em atividades no plantão dos sábados. Ele teve seu laudo no caso PC Farias contestado por Sanguinetti

Segundo o laudo de Badan Palhares, Susana Marcolino matou PC Farias e em seguida suicidou-se.

Já no laudo de George Sanginstti, PC Farias e Susana Marcolino foram simplesmente executados juntos.

Um personagem importante que já não está entre nos, conviveu de perto com todos os citados. Na versão dele,a que fica mais distante das fantasias, das conspirações , das máfias ...

A historieta é muito simples: Susana Marcolino abandonada, sem dinheiro e sem prestígio, num ato de desespero assassina o ex-amante. Alertados pelos tiros, os seguranças invadem o quarto e deparam com a tragédia. Ligam para um destacado membro da família Farias e recebem ordens para executar Susana. Completam a tragédia!

Essa semana resolveram ressuscitar PC Farias com uma história policialesca de que o seu Lear Jet, o famoso Morcego Negro era utilizado para o tráfico de drogas e de mafiosos aproveitando das facilidades que o tesoureiro tinha no Governo.

Enquanto isso, o parceiro de PC, ex-presidente e hoje Senador Fernando Collor de Mello, já voa em aeronave bem mais confortável que o Morcego Negro. O Aerolula, do seu então arquiinimigo Luis Inácio Lula da Silva

Agora, quem tenta ressuscitar é o Dr.Sanguinetti. Vai provar que a Menina Isabela não foi esganada. Mas pelo que tem dito até agora, não garantiu que irá provara a inocência de Alexandre Nardoni, ex-pai da menina e sua mulher Ana Jatobá. Será mais fácil provar que Isabela não morreu.

O CHARME DA MERLOT

domingo, 25 de maio de 2008


Bem. Junte seus amigos, umas garrafas de bons merlot, e toque a decifrá-las. Há grandes vinhos Merlot, alguns dos melhores vinhos do mundo no Pomerol e em St. Émilion, para ficar em Bordeaux, e por todo o planeta vinícola. Na Itália, em especial no Vêneto, em muitos outros países da Europa e em todo o Novo Mundo também se explora a elegância dessa varietal de origem bordalesa.


Mais precoce (amadurece mais cedo) que a irmã Cabernet Sauvignon, em relação à qual é também mais sujeita a pragas agrícolas (talvez por isso menos propagada), a Merlot se notabilizou por proporcionar vinhos mais macios, razoavelmente bem estruturados, mas sem perder a elegância. Como já dito, em Pomerol e St. Émilion há vinhos de exceção, com preços e fama estratosféricos. Mas os resultados têm sido excepcionais também em outras paragens.

Raramente essa uva dá a estrutura de uma Tannat ou de uma Malbec, por exemplo. A fama de vinhos mais "macios" e também mais fáceis que os das vizinhas uvas Cabernet Sauvignon se justifica. Em geral, seu mosto contém mesmo menos ácidos. Isso resulta em vinhos mais "amenos", capazes de acomodar-se a paladares mais femininos e aos palatos mais adaptados às indefectíveis bebidas doces.

Sua família de aromas, muito semelhante à da Cabernet Sauvignon, se destaca pela presença clara de aromas de cereja nos vinhos mais jovens, que evolui para ameixa escura no vinho mais maduro, podendo adquirir grande complexidade, com os aromas empireumáticos (de coisas queimadas, caramelos, compotas) que a idade traz.

Seus aromas típicos são descritos pela autora norte-americana Karen Mac Neil como de "frutinhas negras de bosque - tipo amorinhas e cerejinhas: no original, blackberry - cassis, cerejas assadas, ameixas, chocolate, café e, eventualmente, couro". Cerejas assadas? Deve ser compota, geléia de cereja.

Bem, se você, como eu, nunca viu uma blackberry na vida, não se intimide: junte os amigos, os copos, e toca a descobri-las. No vinho, claro. Não no bosque, pois nos trópicos não dá.

P/S-se você assistiu ao filme Sideways, lembre-se das falas do personagem principal e o ache ridículo. E saiba; no Pomerol, está o Pétrus, um dos melhores e mais caros vinhos do mundo, aquele preferido pelo Duda e pelo Lula

sexta-feira, 23 de maio de 2008


TRÊS ATOS
Tuzé de Abreu
1º Ato - O cineasta João Moreira Salles fez um documentário sobre a vitória de Lula
em 2002 chamado "Entreatos".

2º Ato - Em 2005, em pleno escandalo do mensalão, o então deputado oposicionista
Geddel Viera Lima chamou o documentário de João Moreira Sales de "Entre-Ratos".

3º Ato - Há pouco tempo, num avião entre Alagoas e Brasília estavam o presidente
Lula, o ministro Geddel, o ex-presidente Collor e o senador Renan Calheiros.
Cai o pano.
Tuzé de Abreu é é flautista e compositor baiano

MENINOS DE OURO



Se Você os encontrar pelas ruas da progressista cidade de Ouro Branco em Minas gerais, vai confundi-los com a garotada que estuda , recebe dos pais uma boa mesada e não perde uma balada. Nada disso! Com idades que variam dos 14 aos 18anos, Emerson Carvalho, Marcos Eduardo, Alan Pinheiro e Guilherme Barcelos já estão à frente da Web Rádio Ouro Mix, uma estação com programação diferenciada e 24 horas no ar. Além de abrir espaço pra novas bandas mostrarem o seu trabalho, os quatros empresários “precoces” visam atingir um público que vai dos oito aos oitenta anos

O advento da internet globalizou definitivamente o planeta. Pela net, tanto pode fazer sucesso a rapaziada de Ouro Branco como os high tec de Nova Iorque.Aqui, só duas coisas são preponderantes; talento e tecnologia. E é ai que os meninos de Ouro branco dão um show. Dominando ferramentas importantes da web, transitam pelo Skype, aplicam recursos do Mp3PRO e Windows Media, mantendo a rádio sempre up date tanto em tecnologia como em qualidade da seleção musical.

Ligados na interação, eles mesmos desenvolveram importantes ferramentas para a comunicação on line rádio>ouvinte
Para ouvir e interagir com essa moderna estação de rádio, basta transitar por WWW.radioouromix.com e contatar: aovivo@radioouromix.com ou ainda radioouromix@hotmail.com






quinta-feira, 22 de maio de 2008

Um presente para o seu olhos;essas imagens estão em alta definição.Basta clicar para que sua tela e os seus olhos sejam inundados com o impressionante traço de Leonid Afremov.
Enfeite seu fim de semana prolongado com a magia das cores nos seus "caminhos", casais,solidão, encontros, desencontros ,partidas , chegadas...

...suas praças bucólicas em noite de chuva fina...
...nos seus céus de fim de tarde refletindo sobre o mar azul, réstias de sol e o encantamento de tantas cores...
.....suas matizes no amarelo e o transporte para quaquer lugar da imaginação...
...para as calçadas da noite...

...para as partidas solitárias em buca de algo...
...sempre na estrada...
...para encontros ansiados.......nas esperas. Esse é...

.....Nascido na Bielorússia em 1955 e depois estabelecido em Israel, Leonid Afremov estudou na Vitebsk Art School, uma escola técnica fundada por Marc Chagal em 1921.
Seu trabalho consiste em criar imagens ricas em cores e brilho usando espátula em vez de pincel. o resultado é belo e original.
Hoje radicado em Miami, Afremov vende as suas obras em galerias do mundo inteiro por preços ainda acessíveis a bolsos de mortais comuns.A partir de U$ 2.000,00, você já pode levar um desses para casa

MERCENÁRIOS BRASILEIROS NA LEGIÃO ESTRANGEIRA


Atraídos por salários, a chance de apagar o passado e aventuras, dezenas de brazucas alistam-se, todos os anos, no legendário exército de aluguel francês. Nossa repórter conseguiu deles revelações sobre a condição de soldados de um pátria alheia, em missões cujo sentido desconhecem

Maranúbia Barbosa
Pubilcado sob licença de "Le Monde Diplomatique"

Brasileiros jovens estão pondo a mochila nas costas e deixando o país para se alistar na Legião Estrangeira — unidade de elite do exército francês, composta por cerca de 7 mil estrangeiros de mais de 130 nacionalidades diferentes. Estima-se que pelo menos cem brasileiros são contratados a cada ano pelo legendário exército que defende os interesses da França mundo afora, sobretudo em áreas conflituosas.

O número exato de brasileiros não é divulgado pela Legião Estrangeira. Porém, de uns cinco anos para cá, a procura tem aumentado, mesmo sabendo que ao vender seus serviços para a França estão se expondo a riscos de morte.

Medo parece não ser problema para os brasileiros e, muito menos, para outros estrangeiros. Todos os anos, mais de 5 mil candidatos do mundo inteiro batem à porta desta composição militar. Mas somente cerca de 800 deles conseguem dar conta de passar pela bateria intensiva de testes físicos e psicotécnicos.

Essas informações são dos próprios legionários, entre os quais o brasileiro Marcos dos Santos, 32 anos. Natural de Itapira (SP), ele serve, há três anos, no 2º Regimento Estrangeiro de Pára-quedistas (REP) — tropa considerada crème de la crème da Legião — em Calvi, cidade na ilha da Córsega. Segundo ele, não são os polpudos salários (que vão de 1,5 mil euros até mais de 5 mil para quem prossegue na carreira), e sim o espírito de aventura, que move a maioria dos soldados. Muitos deles parecem, também, ser guiados por um velho slogan da Legião ainda em voga: "chance de mudar de vida, qualquer que seja a origem, nacionalidade, religião, diplomas, nível escolar, situação familiar ou profissional".

Nenhum candidato é obrigado a fornecer a verdadeira identidade. Incorporado, o legionário passa a ser uma "pessoa não-civil", alguém que não existe juridicamente para o mundo

Mesmo nos dias atuais, o engajamento na Legião ainda é envolto em lendas e controvérsias. Ao se alistar, o candidato não é obrigado a fornecer a verdadeira identidade e nem relatar nada do que já viveu. Ele tem o anonimato assegurado e é protegido de qualquer ingerência relativa ao seu passado, graças a um decreto-lei francês de 1911. O legionário é juridicamente uma "pessoa não-civil", ou seja, por ser portador de uma identidade fictícia, não existe de fato. Por conseguinte, não pode se casar, nem tirar carteira de motorista, nem comprar imóveis ou veículos. Em suma, o soldado só existe para a Legião Estrangeira. Independente do estado civil, ele é considerado solteiro e sem vínculos familiares. Salvo em raríssimas exceções, ele pode obter a real identidade antes do término do contrato.

Engajados por um período compulsório de cinco anos, sem nenhum direito a desistência antes do prazo, os legionários estão sujeitos a uma disciplina severa dentro e fora da caserna. Prisão por deserção, tolerância zero para toda e qualquer falta, tratamento rude — "na porrada" mesmo, segundo Santos. Essas são só algumas das condições aceitas sem pestanejar por estrangeiros que salvaguardam os interesses de uma das sete potências mundiais e que cumprem sem titubear as letras miúdas do contrato. Esse, diga-se de passagem, é assinado logo de cara, na primeira semana, mesmo por aqueles que não falam uma só palavra da língua francesa. "Assinamos um papel atrás do outro, sem tradutor nem nada. A gente entrega a vida para eles no ato", afirmou Santos.

Uma investigação minuciosa impede o recrutamento de condenados por crimes comuns, apesar de que "delitos leves" são relevados. Não existe, no entanto, definição do que a Legião Estrangeira entende por delitos de pouca importância. Pelo código da unidade, terroristas e demais criminosos procurados pela Interpol não são aceitos em nenhuma hipótese.

Asiáticos, europeus do leste e latino-americanos (com destaque para os brasileiros) somam 70% da Legião Estrangeira. Franceses mesmo, só 19%

A maior parte dos legionários, cerca de 70%, vem de países que não falam francês. Em 2005, dos 900 novos engajados, 32% eram de eslavos provenientes do Leste europeu, sobretudo da Romênia, Rússia e ex-repúblicas soviéticas. Em seguida, vieram os latino-americanos, 24,5%, com destaque disparado para o Brasil. Soldados de nacionalidade francesa ou originários de ex-colônias somaram 19%. Os asiáticos, especialmente os chineses, são numerosos.

Além dos benefícios trabalhistas, sociais (férias, seguro-saúde e conta em banco, por exemplo) e toda a documentação concedida por um país conhecido por respeitar os direitos do homem, eles ainda podem requerer a cidadania francesa ao cabo dos cinco anos de serviço. O direito é assegurado por lei, bastando para isso apresentar um atestado de boa conduta expedido por um comandante da Legião Estrangeira às autoridades competentes.

Os legionários recebem seus vencimentos quase que totalmente livres de despesas. As refeições feitas no quartel são gratuitas de segunda a sexta-feira, e nos finais de semana pagas à parte (cerca de 4 euros – cerca de 10 reais). Aos salários iniciais, em torno de mil euros para quem serve no continente e de 1,5 mil para os alojados na ilha da Córsega, juntam-se os prêmios e bonificações pagos, quando os soldados partem em missões fora do território francês. Conforme o caso, os soldos podem até triplicar.

A reportagem tentou por diversas vezes contato por telefone e email com um dos quartéis da Legião Estrangeira na região de Paris, mas não foi atendida.

Desde que ingressou nas fileiras da Legião Estrangeira, em maio de 2005, o ex-piloto de helicóptero Marcos dos Santos já partiu em missões de prevenção em países como o Djibuti e Costa do Marfim (na África), e Nova Caledônia, possessão francesa na Oceania. Segundo Santos, os legionários recebem as instruções sobre o que vão fazer poucos dias antes do embarque. As missões duram de três a quatro meses.

Viajar sem conhecer o país de destino, os problemas lá vividos ou os interesses da França no local não é problema. "Somos mercenários", afirma legionário brasileiro

Santos disse que o fato de viajar às cegas, sem conhecer com detalhes os problemas políticos e sociais dos países para onde é mandado, sem entender bem porque a França envia tropas para lá, fere sua ética, mas não chega a lhe tirar o sono, e pelo jeito nem o bom humor. "Somos mercenários, esqueceu?", comentou, rindo.

Santos deixou uma vida financeira e profissional estável no Brasil e desembarcou no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, indo direto ao quartel Fort Nogent, em Fontenay sous Bois, cidade na periferia leste da capital francesa. Tinha a frase em francês decorada na ponta da língua: "Eu quero me alistar na Legião Estrangeira". Ele passou por exames médicos e psicotécnicos durante uma semana. "Eles querem ver se o sujeito é muito retardado", satirizou.

Na Legião, Santos, divorciado e pai de um menino de oito anos, teve mantida a nacionalidade brasileira, mas ganhou outra identidade: Roberto da Silva, literalmente seu nome de guerra. Depois da pré-seleção, foi levado para o quartel de Castelnaudary, na cidade de Aubagne, sul da França, onde ficou quatro meses sendo submetido, continuamente, a uma série de rigorosos testes físicos e psicológicos.

O legionário disse que a experiência em Aubagne beirou os limites do suportável. Conforme Santos, quem não tem muita estrutura emocional "bate os pinos cedo". A pressão a que são submetidos é intensa, relatou. "Assim que chega, a gente é obrigado a aprender os hinos e o código de honra da Legião em francês, repetindo as frases como papagaio, sem saber o que está cantando, como numa lavagem cerebral. E debaixo de pontapé". Santos contou também que o candidato que não decora direito as letras do hinário é obrigado a passar a noite fazendo flexões e lavando banheiro.

Nos finais de semana, folga e direito de ir à cidade. Mas nada de discotecas, baladas com mulheres ou bares mal-afamados. "Somos controlados. Temos que ter um comportamento exemplar"

Dono de uma saúde perfeita, Santos pôde se dar ao luxo de escolher onde iria servir na Legião. E ele escolheu justamente o regimento mais difícil — o dos paraquedistas, os mais expostos em situações de combate. "Eu sabia que era ralação, mas quis assim mesmo. Por aventura. Verdade mesmo", garantiu, sério.

A rotina na ilha da Córsega, contou Santos, se resume a fazer faxina, cuidar das fardas, lustrar botas, praticar exercícios físicos e estar sempre "ligado", pronto para ser chamado a qualquer hora do dia ou da noite. Nos finais de semana, impecavelmente uniformizados, os legionários são liberados para ir à cidade, apesar de que nem tudo o que diz respeito à vida mundana é permitido. Nada de discoteca, de baladas com mulheres ou bares mal afamados. "Somos controlados. Temos que ter um comportamento exemplar", acrescentou.

Ainda que convicto do que faz, Santos não recomenda a ninguém o alistamento. "Não me arrependo. Queria conhecer o mundo, me aventurar. Ninguém morre antes da hora. O que não posso fazer é enganar os que querem vir, dizer que isso aqui é fácil. Eu mesmo não sei te falar se vou agüentar até o fim. Tem uns caras que não suportam e caem fora", alertou. O legionário disse que não sabe se vai pedir a cidadania francesa. "Não faço planos", concluiu.

Caso fique até o final do contrato, que termina em dois anos, Santos pode trazer para casa, por baixo, mais de 50 mil euros. Para isso, além de economizar, ele ainda tem que sair ileso de missões em países como o Gabão, Afeganistão, Kosovo ou qualquer outro lugar do mundo onde estoure um conflito que afete a França.

SALUTE;GRAPPA

terça-feira, 20 de maio de 2008


Um novo produto da marca Château Lacave está no mercado. A Família Basso, proprietária do Château Lacave desde 2002, está ampliando e inovando a família de produtos da marca com vários novos vinhos, uma Vodka, a Cristal, e agora outro destilado, a GRAPPA.


Elaborada na Destilaria Château Lacave, junto ao castelo onde está instalada a vinícola, em Caxias do Sul (RS), a grappa é feita pela destilação das cascas de uvas Cabernet Sauvignon já fermentadas. “Após o vinho ser elaborado através da fermentação alcoólica, as cascas das uvas ficam em contato com o mosto por oito ou dez dias. Após esse período as cascas são separadas do vinho, são então prensadas e ficam bem secas. Depois são destiladas em alambiques até atingir a graduação de 40 % v/v de álcool”, conforme explica o enólogo do Château Lacave, Silvânio Antônio Dias


A mais nova integrante da família de produtos Château Lacave passa a compor um mix de diversos vinhos varietais, três vinhos Assemblage, dois espumantes, vinhos bi-varietais Reserva, o Anticuario Reserva Especial e a Vodka Cristal.


Orígem-A grappa é uma bebida de origem italiana onde era produzida desde o século XII, mas considerada bebida de menor valor. Só no século XX passou a ser tratada como um produto de requinte e a freqüentar locais luxuosos, ao lado dos melhores cognacs e single malt escocês.


A grappa resulta da destilação do bagaço fermentado da uva, chamado de vinaccia, originalmente destinada ao aproveitamento do álcool residual após a elaboração do vinho. Sua matéria-prima, portanto, é a sobra da fermentação constituída de cascas, polpas e sementes remanescentes da prensagem das uvas. A destilação é feita em pequenos alambiques de cobre, logo depois de o bagaço ser separado do vinho. A grappa em geral não é envelhecida, porém as poucas exceções têm a palavra invecchiata grafada no rótulo.


Com a preocupação com uma produção de qualidade, passou a ser produzida com uvas de uma só variedade, escolhidas entre as mais perfumadas para conferir um aroma elegante ao produto. Antes da moda, as grappas eram genéricas, identificadas apenas pelo nome do produtor. Agora, a exemplo dos vinhos, passaram a ser varietais e trazem o nome da uva declarado no rótulo. São as chamadas monovitigno. Aguardente similar é elaborada também em Portugal com o nome de bagaceira; na França, como Marc; e em outros países em versões regionais.


Suavidade-O resultado da destilação é uma bebida forte, com teor alcoólico entre 40% a 50%, semelhante à cachaça. As grappas de hoje são menos agressivas que as antigas, com mais atenção dispensada à fruta que ao álcool, o que as torna mais suaves. Com isso, muitas pessoas que rejeitavam o produto por ser muito rústico e forte agora estão se tornando fãs da bebida.


Na Itália costuma ser misturada ao café ou servida após a refeição como digestivo. Pode também ser usada na cozinha. Devem ser servidas em cálices pequenos, na temperatura ambiente, para pronunciar os aromas e sabores que lembrem as uvas de origem. Em vez de garrafas convencionais, as novas grappas são comercializadas em recipientes com grande variedade de formatos e tamanhos, muitas vezes de cristal soprado. Essas garrafas são verdadeiras obras de arte de criativos artesãos italianos, que valorizam o conteúdo devido à graciosidade e à leveza de suas linhas.

ACELERA BAHIA!


A política de atração de novos empreendimentos para a Bahia tem sido o principal tema das conversas do Governador Jaques Wagner. "Garantir novos investimentos, ampliar os que já estão instalados para gerar mais empregos e fazer mais inclusão social", disse ele ao definir as ações do programa Acelera Bahia, lançado nesta segunda-feira (19). O programa recorre à implantação ou aperfeiçoamento de incentivos fiscais para cumprir a meta de expansão de negócios no estado, diverficando a matriz industrial. Um bom resultado apontado por Wagner é o fato de a Bahia ser responsável pela produção de 25% dos computadores fabricados no Brasil.
Wagner comentou que o Acelera Bahia prorroga benefícios para acelerar o desenvolvimento de cinco áreas estratégicas: produção de Biodiesel, Álcool Combustível, Petroquímica, Indústria Naval e Informática. "Estamos trabalhando em vários setores que representam potencial de desenvolvimento para a Bahia", frisou o governador ao destacar a preocupação do Estado em diversificar a busca por investimentos

VERDE QUE TE QUERO VERDE

segunda-feira, 19 de maio de 2008




Na centenária Quinta da família Vaz Guedes em Arcos de Valdevez,o Arquiteto Vasco Croft divide-se entre a labuta diária e a poesía do local.Depois, cruza oceanos para apresentar seus vinhos à platéias atentas

O vinho verde, conhecido como o mais português dos vinhos, é produzido exclusivamente na região Noroeste de Portugal, e ao contrário do que muitos pensam, não é um vinho produzido a partir de uvas verdes. Vinho Verde é o nome de uma região de Portugal, tal qual tantas outras como Douro, Alentejo, Ribatejo ou Bairrada. Ela ganhou o nome de Vinho Verde, por ser a região mais verde e úmida de Portugal. Os vinhos ali produzidos são, portanto elaborado com uvas maduras

As principais uvas do vinho verde branco são: Alvarinho, Pedernã, Trajadura - Trincadeira, Azal Branco – Gadelhudo- Pinheiro, Avesso e Batoca. Já as que compõem o tinto são Espadeiro, Rabo de Ovelha e Vinhão.

Em seu processo de produção, quase 100% das uvas ácidas passam por uma 2ª fermentação, a fermentação malolática transformando o agressivo ácido málico em ácido lático que é mais suave.

O resultado final é um vinho leve, de alta acidez e baixo teor alcoólico, ligeiramente ácido e que precisa ser consumido ainda jovem, ou seja, os melhores vinhos verdes são de safras recentes. Entretanto,já se produz a partira da alvarinho,Vinhos Verde menos ácidos, mais encorpados e com bastante classe, preparados para durar até em torno de três anos.

Produtores mais ousados, à medida que o vinho verde atravessa as fronteiras de Portugal, unindo a tradição à modernidade, estão produzindo verdadeiras pérolas como o “Afros”

Produzido na centenária Quinta do Casal do Paço que está em posse da família Vaz Guedes desde o séc.XVII, local onde se encontram vestígios de presença humana que vão além dos registros da história.

Os Vaz Guedes, à frente de diversos interesses comerciais que vão da construção civil à hotelaria, entregou a um dos seus membros, o Arquiteto Vasco Croft a reformulação da Quinta e o lançamento de novos produtos. São além dos vinhos e espumantes tintos e brancos. O “Escolha”, por exemplo, que a partir da Loureiro e maturado em tonéis de carvalho, oferece um verdadeiro néctar que esbanja frutato. Tem mamão, goiaba, nuances de lima e grapefruit, tudo isso com muita secura, consistência preparado para uma vida que pode alcançar cerca de quatro anos. Já se encontra à venda na Europa, Ásia, e nos próximos dias estará à venda também aqui no Brasil. Outra boa aposta é o “Vinhão”. Exótico, tem nuances de chocolate e cereja. Um vinho de personalidade com taninos macios e suaves.

O Brasil, sem tradição no consumo de vinho verde, começa a descobrir que é ele o produto ideal para ser consumido nos trópicos pela sua leveza e frescor. Quem também já descobriu os verdes, foram os japoneses;não existe nada que harmonize melhor com a sua culinária

VINHOS E NOTAS


Não resisti em reeditar esse brilhante artigo dessa estrela de primeira grandeza que brilha em tudo que se propõe a fazer, meu amigo Ed Mota.Ao final da leitura, você vai perceber que apreciar vinho vai muito mais além do que propõem os chamados "enochatos"

Papo de nota em vinho não cola comigo!

Depois dos preços exorbitantes, o elemento mais irritante no mundo dos vinhos, para mim, são as tais notas. Ou pior, as notas de Robert Parker e da revista de anúncios "Disney Spectator". Já faz tempo que tem uma turma que anda com as notas do Parker decoradas, que funcionam como uma lanterna única de salvação numa caverna escura.


Eu sou um colecionador de várias coisas, todas organizadas em ordem alfabética, com plásticos protetores, etc. O viés quase colecionista, cataloguista do Parker me interessa e eu respeito, mas essa tabuada reduz a pó a inteligência dos sensos.

A idéia da nota eu abomino em qualquer questão da vida. Na música, por exemplo: por que colocar em primeiro lugar John Coltrane em segundo Joe Henderson? Santa estupidez! Esta comparação é odiosa.


Não defendo o relativismo, que é sempre cômodo para muitos, mas classificar um prazer como o de beber um grande vinho com esse pragmatismo é limitado demais.


Grande parte das pessoas precisa dessa muleta intelectual, que vai dos vencedores do Oscar e do Grammy aos 100 pontos de Robert Parker.


O crítico inglês Hugh Johnson em seu famoso guia de vinhos descreve brilhantemente esse fantasma escolar "O motivo pelo qual os EUA gostam dos números (do mesmo modo que os vendedores) é porque são mais simples do que palavras" Wow! Da-lhe Hugh!


Como pode um vinho ter 90 pontos e outro 91? Isso sempre me soou esdrúxulo...

Mas a influência nefasta de Parker vai além de ingênuas notinhas. No documentário Mondovino do corajoso Jonathan Nossiter, o retrato do crítico norte-americano é claro. Parker ao longo dos anos influenciou com seu gosto por vinhos ultraconcentrados o que se produz ao redor do mundo.

Tem vinho Parkeriano em toda parte, esse é o gosto vigente, o correto, o de 100 pontos...

O engraçado é o conservadorismo por grande parte dos consumidores de vinho que olham com implicância qualquer alternativa fora da aura Parkeriana.


Eu nunca dei nota para nada nessa vida, ainda mais meus prazeres. Na verdade, a discussão não é somente a tabuadinha do Parker, ela se amplia também ao famoso Guia Michelin que de uma forma mais sofisticada impinge uma idéia parecida com as tais estrelas. Então a felicidade padrão gourmet é um vinho 100 pontos do Parker num restaurante 3 estrelas Michelin?

Eu tenho profunda antipatia por isso, esse papo "não cola" comigo mesmo.


Coluna do Ed Mota, na Veja Online